It favela: a moda da cultura periférica que dominou o mundo
Tem quem diga que “nada se cria, tudo se copia”. Mas, quando o tema é a estética brasileira, tem uma galera que está muito à frente desse ditado! Conheça a It Favela.
Você é apaixonada por moda e está sempre antenada no que está rolando? Ganhou o título de “a amiga mais estilosa” do grupinho e seus looks arrasam nas redes sociais? Adora assistir a desfiles e se inspirar nas últimas tendências, mas não fazia ideia de que muitas dessas referências vêm da favela?
Então, você não está sozinha nessa, afinal, é impossível falar sobre criatividade ou autenticidade sem falar em reconhecimento. Porque, se aqueles que criam não são conhecidos – e nem reconhecidos – como definir o que é cópia ou quem criou o quê?
A cultura periférica está inserida em T-U-D-O e isso não é exagero, Giovana! Então segura esse “forninho” e vamos juntas mergulhar nesse assunto.
Por que choras, Brazilcore? Aqui é It Favela
O termo “it favela”, foi criado pelas multiartistas Tasha e Tracie, e é usado pra retratar a criatividade e autenticidade periférica que cria tendências muito antes de chegarem nas passarelas!
Lembra em 2022 quando a Copa do Mundo, que estava rolando no Catar, influenciou geral? Todas as grandes mídias estavam de olho no campeonato e, é claro, a moda encontrou o seu jeitinho de se fazer presente nesse bafafá todo.
E assim nasceu a “Brazilcore”, tendência que exaltava as cores da nossa bandeira e trazia a “volta” das camisas de futebol.
Todo mundo se jogou na onda, que de “nova” não tinha nada. Após a repercussão dessa estética, que virou trend nas redes sociais e ficou por muito tempo como um dos assuntos mais falados, as comunidades periféricas começaram a questionar esse burburinho por uma razão muito simples: nas favelas do Brasil, as camisas de time e o apreço pela nossa seleção sempre estiveram em alta.
As grandes marcas que já visualizavam esse movimento It Favela, como a Nike, abriram espaço para que aqueles que realmente vestiam a camisa do Brasil fossem os protagonistas dessa história.
O filme “Veste Garra” conta com a participação de grandes artistas, como o rapper Djonga, o funkeiro MC Hariel, Fred, do “Desimpedidos”, e do dançarino de passinho Jonathan Santos. E a sua marca ficou bem caracterizada pela trilha sonora feita por três MCs: Nina, Febem e Sodomita.
Mas, fora do âmbito BR, a tendência tomou uma proporção absurda! Ao ponto da marca luxuosa Balenciaga abraçar a estética e criar uma camiseta básica para se posicionar na tendência, porém nada modesta. A peça estava à venda na Matches Fashion por 595 euros (algo em torno de R$ 3.900).
Furacão 2000
Calças com cós baixo, minissaias, croppeds e muito jeans! Sim, aparentemente, nós não tínhamos usado e abusado dos anos 2000 corretamente e ele voltou para nos assombrar. Ou será que ele nunca foi embora?
Essa foi outra estética recente que mostrou como a periferia tem influenciado a mídia. Muitos dos artistas presentes nesses espaços vêm desses lugares e nos faz revirar o guarda-roupa à procura de peças antigas.
Na Semana de Moda em Paris, no primeiro trimestre de 2022, a MIU MIU ganhou atenção com a sua microssaia de apenas 20cm que fez a marca disparar entre as “mais quentes do momento”.
Precisamos lembrar que essa peça nunca saiu de moda e sempre esteve presente no estilo das nossas garotas It Favela? A cantora de funk Pocah, com o look do estilista parceiro Di Favaro, mostra isso muito bem.
É o bonde do crocodilo!
Outro exemplo de como a cultura periférica impacta o mercado é demonstrado pela grande Lacoste. A marca – conhecida carinhosamente pelos artistas favelados como “Lá-lá” – recebeu uma chuva de comentários negativos ao apresentar uma nova campanha com influenciadores que não representavam a marca aos olhos dos consumidores.
É estranho pensar que essa galera da música fique de fora do marketing da marca, certo? Afinal, ela cita a marca em suas canções, utiliza as peças em seus clipes e influencia diretamente seu público a conhecer e a consumir os produtos.
Não demorou muito pra empresa entender a seriedade do problema, assumir seu erro e abraçar de vez um novo público que não era visto, mas avistava a marca há muitos anos.
Ao dar a devida visibilidade para os artistas, cantores e marcas periféricas, nós valorizamos a criatividade brasileira e reconhecemos aqueles que impulsionam o nosso país.
Ótimo!
Muito boa entrevista. A Emphasis é um exemplo.