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algodão & sustentabilidade

De dinheiro a maionese: conheça os impensáveis produtos feitos com algodão

19 de maio de 2020 | 4

Do algodoeiro nada se desperdiça. Confira como as diferentes partes da planta são destinadas a diversos setores da indústria e estão presentes no seu dia a dia mais do que você imagina. Produtos feitos com algodão vão muito além da roupa!

O que vem a sua cabeça quando ouve a palavra algodão? Fofura, branquinho, roupas, tecidos, certo? E não está errado! De fato, o uso mais amplo e conhecido do algodoeiro é na indústria têxtil e em produtos farmacológicos. Porém, o que você ainda pode não saber é que o algodão é tão versátil que pode ser usado em produtos para lá de curiosos: maionese, dinheiro, adubos e tantos outros itens. 

O algodão é atualmente conhecido no meio agro como o “boi vegetal”, por causa das inúmeras possibilidades de uso das suas partes, assim como ocorre na pecuária. No entanto, para compreender como ele está presente em tantas coisas, precisamos começar pelo fato de que todos os seus componentes são úteis: a fibra e a semente, popularmente conhecida como o caroço do algodão. 

E, não à toa, o setor algodoeiro é considerado um dos mais organizados e modernos do Brasil, graças ao investimento constante em tecnologia e inovação. E com tanto aprimoramento e versatilidade, o algodão pode servir a diversos tipos de mercado, sendo base de produtos que, talvez, você nem faça ideia. 

É na algodoeira que o algodão bruto é beneficiado. Aqui, impurezas são retiradas da pluma e o caroço é separado | Foto: imprensa ABRAPA

DO ALGODÃO NADA SE DESPERDIÇA: OS USOS DO CAROÇO 

O algodoeiro tem altíssimo nível de aproveitamento, sendo que uma parte que é amplamente utilizada é o caroço do algodão. A partir do caroço, é possível produzir: 

  • Óleo cru: que serve de base para a produção de biodiesel, óleo refinado e borra;
  • Torta e farelo: que se transforma em ração animal para ruminantes e adubo;
  • Sementes deslintadas: que serão utilizadas para novas plantações.

A partir do óleo refinado (produzido com o óleo cru), por exemplo, produtos finais para consumo humano são feitos, como o óleo para cozinha, a margarina e maionese. Já a borra do óleo cru se torna sabão, glicerina, ração para animais e ácidos graxos. 

Os ácidos graxos, citados acima, são amplamente utilizados na indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética. Isso porque as sementes de algodão são excelentes fontes de óleo e proteína, vitamina E (alfa tocoferol), um antioxidante natural, sendo fonte de ômegas 3 e 6, que auxiliam na saúde da pele. 

De maneira mais ampla, estima-se que cerca de 40% do caroço de algodão produzido no país seja destinado in natura a pecuaristas que servem o produto diretamente aos animais, sem que haja nenhum tipo de beneficiamento ou processamento dos caroços. 

A parte que é destinada à indústria segue para as esmagadoras, onde são obtidos o óleo, a torta, o farelo e o línter. Quando refinado, o óleo se torna comestível e isso o transforma no segundo principal produto do algodoeiro, atrás somente da pluma. Óleo de algodão chega na 6ª posição em termo de consumo mundial de óleos comestíveis. A torta e o farelo possuem grandes quantidades de proteínas, sendo utilizados principalmente na alimentação animal. 

Por conta da crescente demanda industrial dos subprodutos do algodoeiro, o principal desafio dos produtores é aumentar a produção de óleo de algodão sem que haja prejuízos à qualidade e quantidade de fibra. 

O caroço do algodão é o segundo subproduto da planta mais utilizado. Dele, são feitos óleos, biodiesel, cosméticos, rações, entre outros itens | Foto: Abrapa

FIBRA DO ALGODÃO: PRINCIPAL MATÉRIA-PRIMA 

A fibra do algodão continua sendo a parte mais importante do algodoeiro, porém, ela se divide em três partes específicas que dão origem a diferentes produtos: a pluma, a fibrilha e o línter. 

Em termos econômicos, a pluma produzida nas algodoeiras é o principal produto primário do algodão, já que são as fibras mais longas do algodão em caroço que vestem cerca de 40% da população mundial. 

Existem ainda outros tipos de fibra de algodão, subprodutos dos processos de beneficiamento, fiação e tecelagem. O primeiro é a fibrilha, que é composta de fibras curtas separadas por alguns equipamentos das algodoeiras. É um subproduto do processo de descaroçamento comumente comercializado pelas algodoeiras, geralmente utilizado na produção de tapetes e panos de chão. 

Outro tipo de fibra é o línter, que vem ganhando espaço no mercado. Trata-se de um conjunto de fibras muito curtas que envolvem o caroço, geralmente separadas mecanicamente nas indústrias de esmagamento. Esse línter, rico em celulose pura, pode ter diversas destinações na indústria, como na fabricação de outros produtos feitos com algodão, como o algodão de farmácia, também conhecido como hidrófilo, tecidos mais rústicos, estofamentos, filtros e até mesmo pavios de pólvora. 

As demais, devido às baixas representatividades, tanto em termos de volume como de valor para a cadeia, podem ser consideradas resíduos. Esses são os casos das casquinhas, do carimã, do piolho e do pó de canal, todos resíduos de processos de beneficiamento do algodão em caroço geralmente usados para confecção de adubos orgânicos. 

Cada cédula de dinheiro brasileiro é composta por três lâminas, sendo a do meio feita de algodão. É nesta camada que estão inseridos os dados anti-falsificação | Foto: divulgação Casa da Moeda

DINHEIRO TAMBÉM É UM DOS PRODUTOS FEITOS COM ALGODÃO 

Pode acreditar, mas o algodão está presente até mesmo no seu rico dinheirinho! É a partir das fibras curtas do línter que são produzidas as cédulas do real brasileiro. 

O papel criado para a fabricação das notas é composto de três camadas, como um sanduíche. As camadas externas, geralmente, são de pasta de madeira. Já a lâmina do meio é 100% línter, as fibras mais curtas retiradas bem próximas ao caroço do algodão. 

A camada do meio, feita de algodão, é a que recebe as principais medidas de segurança, que dificultam a falsificação! 

FOLHAS E RAÍZES DO ALGODÃO 

Em escalas mais caseiras e de acordo com a medicina natural, as folhas e raízes do algodão também são aproveitadas em infusões. O chá das folhas do algodoeiro é popularmente utilizado no tratamento de disenterias e hemorragias uterinas. 

Já o cataplasma das folhas serve como ótimo cicatrizante. O chá da raiz pode ser feito com 2 pedaços médios em 1/2 litro d’água para os casos de falta de memória, emenagogo, distúrbios da menopausa e impotência sexual. O chá das flores e dos frutos verdes, friccionados localmente, é indicado em micoses, frieiras e impinges.  

Em várias partes da planta (folhas, caule, pecíolo e sementes) são encontrados pontinhos pretos que são constituídos por gossipol, um alcaloide que tem ação na defesa das plantas contra insetos e roedores e que já é utilizado um anticoncepcional masculino, por suas propriedades espermaticidas. Porém, já existem variedades de algodão, sem gossipol nas sementes, especialmente desenvolvidas para a utilização do caroço do algodão como salgadinhos. O uso medicinal deve ter supervisão médica.  

Entre tantas utilizações, os produtos feitos com algodão indicam o potencial de aproveitamento da nossa fibra. Ela impulsiona a economia brasileira, ressalta a força da natureza em nosso bem estar e está presente em sua vida muito mais do que imagina! 

Fontes: 

A Cadeia do Algodão Brasileiro: Desafios e Estratégias (2011, NEVES, Marcos Fava; PINTO, Mairun Junqueira Alves) Segredos do Mundo 

Portal de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares 

BELTRÃO, Napoleão E. de Macêdo (2000, Revista Cultivar Grandes Culturas; Embrapa Algodão) 


4 comentários
  1. Gilberto Pedro Menezes
    Gilberto Pedro Menezes says:

    Com a transposição do rio São Francisco,o nordeste voltará a dar sua contribuição ao processo de plantio ao beneficiamento e transformação,O ouro branco voltou.

    Responder

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