Chico Rei: marca nasceu em quarto e se inspirou na faculdade de artes
Desbravando o e-commerce em seus primórdios, lá em 2008, a empresa investe em camisetas divertidas e cheias de expressão. Hoje, é case de sucesso em inovação, criatividade e modelo de negócios no mercado brasileiro.
De Minas Gerais para o mundo! Criada pelo então estudante de artes Bruno Imbrizi, a marca Chico Rei nasceu da sua vontade de ter roupas únicas, que fossem a sua cara. Como não encontrava essa diversidade em lojas comuns, decidiu criar suas próprias peças.
Dessa forma, nasceram as camisetas que hoje são adoradas por fãs de música, cultura pop, memes, filmes, etc. “A Chico nasceu do sonho de levar para o mundo aquilo que se criava na Faculdade de Artes de Juiz de Fora.”, explica o diretor de sustentabilidade da empresa, Lucas Carnicelli.
Assim como as roupas, o nome da marca carrega muita história e raízes. O nome Chico Rei homenageia Galanga, um personagem lendário na tradição oral mineira, que foi trazido para o Brasil, renomeado Francisco e vendido como escravo. Trabalhou duro e conseguiu comprar sua liberdade, assim como a de vários outros escravos. Seus companheiros libertos o chamavam de “rei”, ou seja, Chico Rei.
“Sempre valorizamos o nosso estado natal, Minas Gerais, e fomos atrás de uma história inspiradora e de liberdade. Encontramos, em Chico Rei, a nossa essência.”, relembra Lucas.
E não só de peças cheias de criatividade vive a Chico Rei. A empresa também têm iniciativas que protegem o meio ambiente, ajudam causas sociais e ainda garantem uma mão de obra justa.
Segundo o diretor, com o tempo, a Chico Rei foi encontrando um público que se identificava com as estampas divertidas e se sentia representado por elas. “A partir daí, uma marca nascida em um quarto, fruto de uma paixão por criatividade, começou a ganhar o mundo”.
Vamos conhecer um pouco mais sobre a trajetória dessas camisetas incríveis? Confira nosso bate-papo com o Lucas Carnicelli!
SdA – O desejo de empreender já era presente na vida de vocês?
LC: Desde cedo, o Bruno já pensava em criar algo que gerasse algo positivo na vida das pessoas. Essa é a forma de trabalhar que sempre fez sentido pra gente. Não basta apenas a ideia de criar um negócio e ter lucro, precisamos equilibrar a balança num país com tanta desigualdade. Para isso, empreender compartilhando é um requisito básico e isso sempre esteve na nossa cabeça.
SdA – Quais os principais desafios que enfrentaram com a Chico Rei?
LC: Incialmente, foi a resistência do mercado em comprar vestuário pela internet. Em 2008, quando lançamos o site, o tabu era grande e precisamos investir muito no produto para romper essa barreira. Outro desafio importante foi quando trocamos nossa produção para o sistema de demanda. Isso permitiu oferecer uma variedade muito maior de produtos, porém, tivemos que trocar toda a lógica existente e processos já estabelecidos.
Também precisamos remar muito contra a maré quando decidimos criar nossa própria confecção e estamparia. A ideia era fornecer boas condições de trabalho para as pessoas envolvidas na produção, visto que o mercado da nossa região era bem precário. Passamos a oferecer um salário mais justo, espaço físico mais confortável e ambiente saudável para todos.
SdA – Vocês acreditam que as camisetas são uma forma de expressão? Conte um pouco mais sobre isso.
LC: Sem dúvidas! Esse é o nosso principal lema. A marca surgiu daí, da vontade do Bruno se expressar, dizer quem ele é. Aqui na Chico, somos inquietos por natureza e acreditamos na liberdade individual. O nosso principal objetivo é dar possibilidades para pessoas interessantes se expressarem. Investimos na diversidade para dialogar com as mais variadas tribos. A ideia é fazer com que a arte pule dos objetos e seja a conexão, que ela inicie diálogos e inspire o ciclo de criatividade.
O princípio básico para alguém usar uma estampa é a afinidade com o que está retratado nela. Nossas parcerias operam nessa mesma lógica: entregamos produtos de grande potencial de identificação para um público-alvo específico. Uma collab oferece a aproximação do ídolo com o fã, e vice-versa. É possibilitar que as pessoas vistam temas com os quais se identificam. E, para nós, é uma ótima forma de chegar a novos consumidores.
SdA – De onde vem a inspiração para criação das estampas?
LC: O trabalho com criação envolve, acima de tudo, um olhar atento para o mundo. A formação e o acúmulo de repertório vêm de todas as fontes possíveis e essa bagagem é acessada quando precisamos desenvolver uma nova ideia. Criar algo novo é fazer conexões inéditas, então, quanto maior a bagagem, abrimos mais possibilidades.
SdA – Como nasceu o projeto “Camisetas mudam o mundo” e qual o objetivo?
LC: Destinamos um percentual de toda a nossa receita para projetos de impacto positivo para a comunidade. O “Camisetas Mudam o Mundo” teve seu pontapé inicial, em 2018, através da reforma de uma escola municipal da nossa cidade, Juiz de Fora/MG. Depois evoluiu para a criação de células de produção dentro de uma penitenciária masculina. Além disso, desenvolvemos parcerias com diversas ONGs e instituições do terceiro setor, revertendo grande parte do lucro para seus projetos. Acreditamos que essa é uma luta constante e que tudo o que fazemos nunca será suficiente. A ideia é sempre arregaçar nossas mangas buscando transformações positivas para o mundo além dos nossos limites.
SdA – Como você define as pessoas por trás da Chico Rei?
LC: Acho válido falar um pouco dos valores que compartilhamos internamente, que dizem bastante sobre quem nós somos no dia a dia da empresa. Respeito ao próximo é primordial por aqui! Todos devem se sentir confortáveis de ser quem são e expressar suas ideias e pensamentos. Acreditamos muito no poder da colaboração, em que cada um sempre pode ajudar no problema do outro.
Aqui na Chico, dizemos que somos criativos inquietos, pois não existe nada melhor do que ter a possibilidade de quebrar os limites das ideias. E temos a consciência de que o erro faz parte do processo da busca por inovação. Fornecemos um ambiente onde as pessoas possam se apaixonar pelo que fazem e, literalmente, vestirem a camisa. O ideal é que todos sintam que o trabalho é uma extensão agradável da sua própria casa.
Por aqui, falamos de igual para igual. Toda ideia é válida, então, deixamos elas soltas para correrem sem barreiras em nosso espaço. Independentemente de cargo ou setor, na Chico todos têm abertura para contribuir.
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