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moda & estilo

Jeans reciclado e sustentável: já ouviu falar?

24 de outubro de 2017 | 0

Quando um mesmo propósito existe em duas marcas, o universo conspira para que elas se encontrem e se crie uma nova parceria. Foi assim com a Ahlma e a Vicunha.

Com o desejo de ser sustentável e conectada a novos valores e padrões, foi criada a Ahlma, idealizada por André Carvalhal – ex-Farm e cofundador do coworking Malha, do Rio de Janeiro, e autor dos livros A Moda Imita a Vida e Moda com Propósito – em parceria com o Grupo Reserva, reconhecido por criar uma moda masculina dedicada a um público preocupado com inovações e peças que sejam, mais do que roupas, um modelo de qualidade de vida.

Atualmente com 30 colaboradores fixos entre loja e escritório, a Ahlma conta com cerca de 70 parceiros, fornecedores de produtos e matérias-primas de todo o Brasil.

Pensando sempre em sustentabilidade, a marca cria suas coleções utilizando-se do reuso de matérias. “90% da nossa coleção é feita a partir de sobras, tecidos novos que estão parados e não seriam mais utilizados pela indústria. Dessa forma, conseguimos criar o novo a partir do que já existe, além de peças de roupas feitas a partir de coisas que jamais imaginaríamos que poderiam virar roupas” explica Carvalhal.

Ele conta, por exemplo, que uma pipa de kite vira uma jaqueta, como nas peças Kitecoat da marca. Ou que várias calças jeans descartadas se transformam em outra calça jeans ou em um casaco. “A gente transforma o que já está disponível em uma forma nova. “

E é pensando nessa renovação de produtos, de garantir uma vida mais sustentavelmente adequada, que entra o uso do algodão. Para uma peça chegar à coleção da Ahlma, ela tem que ter um propósito, como afirma Carvalhal. A marca entende que é preciso dar um respiro para o mundo (e deixá-lo respirar) e escolher com cuidado os recursos que serão utilizados na criação dos produtos. “Para viabilizar peças produzidas com uma preocupação sustentável, atualmente trabalhamos com quatro principais caminhos: (1) matérias-primas de reuso, ou seja, matérias-primas que estão ociosas em estoques de grandes confecções e indústrias têxteis, com pequenos defeitos, com o objetivo de restaurar seu valor; (2) matérias-primas biodegradáveis na nossa linha praia; (3) matérias-primas recicladas nos nossos tênis e na nossa linha de jeans desenvolvida em parceria com a Vicunha; (4) algodão com origem certificada para nossa linha de básicos.”

Para Carvalhal, o algodão sustentável, com origem certificada, é a solução ideal para produzir as peças básicas utilizando tecidos de qualidade. Ele acrescenta que, atualmente, a linha de camisetas lisas da Ahlma é toda feita com esse olhar.

E, como não podia ser de outra forma, tudo é acompanhado de perto, para haver a certeza de que a matéria-prima utilizada não agrida o ambiente e o trabalhador. A Ahlma, segundo Carvalhal, tem o compromisso de investigar se os tecidos são de reuso, reciclados, e que não passem por beneficiamentos que agridam o ambiente.  Foi com esse critério que encontrou o jeans reciclado da Vicunha.

“A parceria  AHLMA + Vicunha nasceu da busca por uma maneira mais consciente de se produzir uma calça jeans, essa peça tão chave para o nosso guarda-roupa, mas que pode ser tão nociva para o ambiente se feita da forma tradicional”, diz Carvalhal.


Renata Guarnieiro, gerente de Marketing da Vicunha, afirma que os tecidos com algodão reciclado da empresa já eram exportados há muitos anos para diferentes marcas internacionais. A linha Eco Recycle é uma das novidades e foi lançada e disponibilizada para o mercado de moda no Brasil em 2016, como direcionamento e tendência para as coleções de verão 2018.

“Produtos como os da linha Eco Recycle reinventam o ciclo de vida dos tecidos, transformando e dando longevidade ao algodão. Aparas de tecidos, resíduos do processo de fiação e sobras de fios são desfibrados e transformados novamente em fibra, reiniciando o ciclo de fiação”, explica.

A Vicunha, que completa 50 anos em dezembro de 2017, emprega mais de 7.000 funcionários em todas as suas unidades, que incluem fábricas no Brasil, Argentina e Equador, além de subsidiárias no Peru, Colômbia, Suíça, Holanda e Sri Lanka.

“Somos a primeira têxtil brasileira a se associar ao selo Better Cotton Initiative – BCI. Com isso, a empresa se une a esforços mundiais em prol da produção sustentável do algodão, por meio de melhoria nas condições sociais dos cotonicultores, respeito ao meio ambiente e incentivo ao futuro da economia rural em todos os países produtores. Toda a nossa produção é feita com algodão certificado. “

Renata conta ainda que, no caso da linha Eco Recycle, por exemplo, no tingimento do fio de urdume, usa-se uma seleção de químicos especialmente desenvolvida sob as mais rigorosas normas de qualidade e ambientais, que contribuem para a redução de 80% do consumo da água comparado com um processo standard. Assim, praticamente 100% do corante índigo é absorvido e fixado na fibra, evitando o uso da água e energia para aquecimento em banhos subsequentes na eliminação do excesso não fixado. “No acabamento, a união da fórmula exclusiva de químicos com nova tecnologia de processo reduz o consumo de energia na secagem dos produtos e, novamente, o meio ambiente é significativamente beneficiado. “

A Ahlma, como conta Carvalhal, criou duas bases consagradas na coleção Ahlma + Vicunha: a calça reta com modelagem masculina e a calça justa de cintura alta com modelagem feminina, além de um modelo de jaqueta “para ganhar o abraço da Vicunha e possíveis customizações, porque a gente acredita que cada um faz o seu jeans”.

Nota: no Brasil, 81% de toda a produção de algodão tem certificação ABR (Algodão Brasileiro Responsável), que tem os mesmos princípios do BCI (Better Cotton Initiative), porém com critérios e exigências mais rigorosos para a certificação. 71% é licenciado BCI. O Brasil está entre os maiores produtores de algodão do mundo e é o maior fornecedor de algodão sustentável (produz 30% de todo o algodão BC do mundo), motivo de orgulho para nós, brasileiros, e de maior responsabilidade para os produtores, para manter e superar, em volume e qualidade, a produção de algodão sustentável, um importante commodity nacional.


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