Munira inclui e empodera mulheres negras na moda nordestina
Fundada em 2019 pela designer de moda Dani Munira, a marca que leva seu sobrenome carrega a essência oriunda de sua ascendência quilombola. Além de elevar a autoestima das mulheres negras da região de Salvador – BA, fortalece e valoriza a natureza viva do Nordeste, convertendo narrativas de autoestima em ciclos de transformações pessoais e coletivas.
A marca Munira – que significa “brilhante” – tem o poder de contar histórias com muito respeito, conceito e evolução. E isto contribuiu para o reconhecimento de Dani Munira como uma das maiores precursoras da nova geração de estilistas que representam a moda nordestina.
A marca, pequena na produção e grande aos olhos da criadora, segue um processo quase poético: suas peças têm a contribuição de artesãs locais e as coleções são marcadas por cores neutras e tecidos naturais biodegradáveis, como o algodão.
Acompanhe nossa conversa com Dani Munira e veja como as roupas podem contar histórias sobre respeito, simbologia e ancestralidade.
SdA – Como surgiu seu trabalho coletivo e quais os impactos entre as mulheres participantes da sua comunidade?
DM: Meu trabalho se iniciou quando resolvi me juntar a outros criativos de Salvador e entendi a importância de uma rede de proteção para o nosso crescimento. Quando surgiu a demanda por mais gente na empresa, comecei a colaborar com outras profissionais e senti a necessidade de ter por perto mais pessoas com histórias de vida parecidas com a minha para evoluirmos juntos.
SdA – Vivemos um momento importante em ações sobre diversidade e inclusão. Na sua opinião, a indústria da moda brasileira acompanha o empoderamento da mulher negra?
DM: Acredito que a moda sempre acompanhou as mulheres negras.
, marcas e empresas estabelecidas no mercado de moda. Hoje, nosso grito ecoa mais e, ao meu ver, o mercado está se adaptando, embora de forma lenta, com relação ao respeito e ao reconhecimento que exigimos.
SdA – Como empreendedora de uma marca independente, quais os desafios enfrentados no início da carreira e as maiores conquistas até agora?
DM: Os maiores desafios, com certeza, giram em torno do financeiro da empresa. É muito difícil montar um negócio, principalmente na moda autoral, sem herança, sem apoio, sem investimento e, muitas vezes, sem a capacitação necessária, o que nos faz aprender muita coisa na prática.
As minhas maiores conquistas vêm da valorização do trabalho daqueles que colaboram comigo, do reconhecimento enquanto estilista, das pessoas e dos lugares que já conheci através do meu trabalho e da construção possível do meu maior sonho. Ver meus designs em revistas, encontrar gente vestindo algo que foi criado e, muitas vezes, costurado ou bordado por mim, é muito incrível.
SdA – Como a parceria com o movimento Sou de Algodão contribui no seu processo criativo, engajamento e posicionamento da marca?
Acredito que o movimento Sou de Algodão é um grande potencializador de conexões para que as marcas parceiras possam avançar juntas e colaborar. Não somente com o mercado autoral, mas com o meio ambiente, com os valores que carregamos e nos identificamos.
SdA – Qual conselho você daria para uma estilista negra que não tem muitos recursos para começar o seu negócio?
Comece com pouco, mas comece. Não tema o original. O que muitos consideram estranho ou fraqueza é nosso diferencial e, colocado da forma certa, pode nos levar a lugares inimagináveis.
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