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Lucas Caslu: conheça o vencedor do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores

5 de fevereiro de 2025 | 0

Em um universo onde a criatividade não tem limites, Lucas Caslú se destaca como um acumulador de experiências e materiais. Sua coleção “Experiências” é uma verdadeira fusão de memórias, objetos e texturas, onde retalhos, fotografias e até suas próprias roupas ganham nova vida, desafiando as convenções da moda. Vencedor do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, representando a região Centro-Oeste e a Universo, o estilista nos mostra como o upcycling pode ser a chave para uma moda mais responsável, acessível e cheia de personalidade.

Com peças assimétricas e carregadas de significado, o designer explorou a sustentabilidade de forma prática e poética, criando algo funcional e artístico ao mesmo tempo. A mochila que ele apresentou, por exemplo, feita com 100 bombons de tecido, exemplifica bem essa abordagem criativa e ousada. Neste bate-papo, Lucas relembra sua obsessão antiga por guardar embalagens de bombons, que foi o início do seu processo de criação. E explica como transformou o simples em algo extraordinário no maior concuro de moda para estudantes brasileiros!

O diretor criativo da Casa de Criadores, André Hidalgo, o vencedor Lucas Caslu e a gestora do movimento Sou de Algodão, Silmara Ferraresi na entrega do troféu | Foto: AgFoto

SdA – Lucas, como foi sua experiência ao participar e ser o vencedor do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores? Quais foram os maiores desafios que você enfrentou durante o processo de criação da sua coleção?

LC:  Foi incrível! Consegui aproveitar cada momento ao máximo. Com o apoio dos estagiários da Universo Goiânia, assumi a liderança da equipe desde o início. Fiz um planejamento estruturado, distribuindo funções para cada integrante e ensinei cada etapa do processo com calma e bastante detalhamento. Acompanhei de perto todo o trabalho, colaborando lado a lado com eles.

Lucas Caslu e os 6 looks criados para o 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores | Foto: AgFoto

SdA – Você já participou de todas as edições do concurso, mas o que te motivou a se inscrever mais uma vez? Conta um pouco sobre essa escolha e de que forma a sua participação tem contribuído para o seu crescimento como designer.

LC: Eu me inscrevi nas três edições do Desafio, mas só fui aprovado na terceira. Só o fato de participar já era algo grandioso para mim. Nunca me senti mal por não ter meus primeiros projetos selecionados; pelo contrário, isso me motivou ainda mais a continuar tentando. Tive amigos que foram aprovados nas primeiras edições e fiquei super feliz por eles. Vibrei e torci muito por todos!

SdA – Durante o desenvolvimento da coleção, houve algum momento decisivo ou revelador que ajudou a definir o conceito de’Experiências’?

LC: Sim, eu criei um sketchbook que levava para todo lugar. Desenhava o tempo todo: no ônibus, no trabalho, na faculdade. Qualquer ideia que surgia na cabeça, eu colocava no papel. A partir disso, fui organizando e refinando tudo até chegar aos 6 looks que escolhi para a coleção. Depois, veio o momento mais decisivo: escolher qual look confeccionar primeiro. Todos eram super elaborados, mas optei pelo que tinha mais informação, com detalhes que se repetiam em outras criações. Dessa forma, os jurados conseguiriam ter uma ideia mais clara de como seriam as demais peças.

Sou de Algodão | Casa de Criadores 55
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

SdA – Como você vê a importância de concursos como o Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores para a formação e a visibilidade de novos talentos na moda?

LC: Participar do concurso é uma oportunidade excepcional para expandir minha rede de contatos, estabelecendo conexões valiosas com empresas e possíveis parcerias estratégicas. Além disso, ele proporciona uma vitrine real e autêntica para apresentar nosso trabalho de forma concreta, permitindo que nossa criatividade e competência sejam reconhecidas e valorizadas no mercado. Essa visibilidade é essencial para abrir novas portas e impulsionar nossa trajetória profissional.

Sobre o processo criativo e as peças: 

SdA – Sua coleção mistura elementos como fotografias, embalagens e retalhos, criando um design assimétrico e único. Como foi o processo de juntar todos esses elementos aparentemente desconexos para formar uma peça de moda coesa?

LC: A minha ideia era exatamente essa: misturar diferentes elementos, criar combinações improváveis e fugir da limitação de um tema único. Quis trazer, de forma organizada, limpa e visualmente atraente, o melhor de cada experiência que vivi. Tenho uma grande admiração por detalhes sutis e momentos simples, então resolvi unir tudo isso em uma única coleção, criando algo que traduzisse não apenas minha visão, mas também minha essência

SdA – A mochila que você criou, com bombons de tecido e uma série de bolsos, chama muito a atenção pela criatividade. O que te inspirou a criar esse acessório de maneira tão original e como ele se conecta com o conceito da coleção?

LC: Guardei por anos uma embalagem de bombom que ganhei, mas um dia acabei jogando fora. Depois, percebi o quanto aquilo me fazia falta e, para suprir esse vazio, comecei a acumular todas as embalagens de bombom que encontrava. Eu pegava na rua, no lixo, pedia para amigos, comprava… E, com o tempo, essa convivência com o material começou a despertar ideias. Foi assim que criei meu primeiro chaveiro.

A partir desse momento, os desenhos e ideias começaram a fluir. Experimentei várias possibilidades e, como resultado, criei uma mochila inteira usando apenas essas embalagens. Plastifiquei cada uma e desenvolvi uma estrutura específica para suportar o volume dos bombons.

Quando desenhei a coleção para o desafio, decidi revisitar essa ideia. Fiz o mesmo modelo de mochila, mas dessa vez em tecido, utilizando retalhos de algodão, trazendo uma nova leitura para o conceito original. 

Sou de Algodão | Casa de Criadores 55
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

SdA – De que forma você acredita que a moda pode se tornar mais responsável e democrática, e como a sua coleção busca refletir esses valores?

LC: Eu acredito que, como criador, carrego uma grande responsabilidade por cada corte e cada pedaço de material que utilizo. Para mim, investir tempo no design, em uma modelagem impecável e em um acabamento de qualidade é fundamental. É uma forma de respeitar o material e transformá-lo em algo realmente significativo. Além disso, acredito que minimizar o desperdício e utilizar cada recurso com propósito é essencial para criar peças que realmente valham a pena e que tenham um impacto positivo, tanto no produto final quanto no processo criativo.

Sobre o futuro e aprendizados:

SdA – Quais foram os maiores aprendizados que você tirou dessa experiência no concurso e como eles impactaram sua visão sobre o futuro da sua carreira na moda?

LC: Eu amei acompanhar o desfile das outras marcas. Foi surreal dividir o camarim e os bastidores com marcas e designers que são referências para mim há anos. Poder observar de perto como eles trabalham, o cuidado com cada detalhe — das peças à maquiagem e aos modelos — foi uma experiência incrível e muito inspiradora. Ver essa dedicação de perto só aumentou minha admiração por eles.

SdA – Após ser o vencedor do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, quais são seus planos da sua marca ou da sua carreira como designer?

LC: Já tenho um projeto em andamento, e meus próximos meses serão focados em trabalhar intensamente nessa coleção. Meu objetivo é entregar um resultado tão incrível quanto o da coleção anterior, mantendo o mesmo nível de dedicação e qualidade que sempre coloco em cada etapa do processo.

Sou de Algodão | Casa de Criadores 55
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

SdA – Você tem alguma intenção de continuar explorando o upcycling em suas próximas coleções? Como vencedor do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, qual sua opinião sobre o papel dessa técnica no futuro da moda?

LC: Na coleção, usei resíduos têxteis, mas não só do ponto de vista sustentável — explorei o material também pelo seu potencial estético. Trabalhei por alguns meses como costureiro em uma confecção, e sempre achei fascinante aquele material, com um potencial incrível, tão valioso quanto o tecido novo utilizado nos cortes. Juntei um saco de retalhos e levei para casa com o intuito de explorar novas ideias. Foi uma experiência maravilhosa ver como cada pedacinho de tecido podia se transformar em algo novo. Isso me abriu inúmeras possibilidades criativas, e agora, pretendo seguir nessa direção, sempre buscando gerar o mínimo de desperdício possível, criando volumes, texturas e desenhos únicos.

Sou de Algodão
Casa de Criadores 55
Foto: Gustavo Scatena/ @agfotosite

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