Loading...
moda & estilo

Entenda a histórica conexão entre o Carnaval e o algodão

24 de fevereiro de 2025 | 0

O Carnaval é uma das manifestações culturais mais vibrantes do Brasil, marcado por cores, música, dança e, claro, figurinos icônicos.

Hoje, vamos explorar como o nosso algodão se tornou parte essencial dessa celebração, desde as saias rodadas das baianas até o popular tecido chita, passando pela influência africana, a ascensão do samba e a moda contemporânea dos foliões. Você vai ver como essa fibra natural acompanha e faz a história do Carnaval há séculos!

Bloco Unidos Desde Sempre: Carnaval e algodão

Desde os primeiros carnavais no Brasil, que remontam ao século XIX, o algodão esteve presente nos trajes populares devido ao seu custo acessível e conforto. E a fibra foi essencial especialmente para as classes trabalhadoras, que moldaram a cultura carnavalesca.

Costureiras locais produzem fantasias de algodão para blocos de rua, como o Zé Pereira, tradição nascida no Rio de Janeiro. Segundo algumas teorias, ele foi inspirado pelo comerciante português José Nogueira de Azevedo Paredes, que desfilava com tambores e percussão. Outros pesquisadores contestam essa versão, alegando que o termo surgiria na segunda metade do século XIX, e era referente a qualquer tipo de bagunça carnavalesca acompanhada de zabumbas e tambores.

Integrantes afinam instrumentos e ajustam bonecos para folia (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)

De qualquer maneira, Zé Pereira se tornou um símbolo do carnaval de rua, representando a alegria, a espontaneidade e a animação dos festejos populares. Esses desfiles foram acompanhados por foliões com roupas de algodão, como camisas, lençóis e vestidos frescos, reforçando a presença dessa fibra desde o início da festa.

Influência africana e o surgimento do samba

A cultura africana, trazida pelos povos escravizados, foi fundamental para a construção do Carnaval. Nos terreiros e quintais do Rio de Janeiro, surgiram as primeiras rodas de samba, com destaque para a Pequena África, região portuária da cidade. Lá, Tia Ciata e outras figuras importantes preservaram as tradições africanas e deram origem ao ritmo que marcaria o Carnaval. O samba, com seus batuques e melodias vibrantes, tornou-se o som característico da festa, ecoando pelas ruas e, mais tarde, pelas avenidas.

Tia Ciata: A Matriarca do Samba é homenageada no Museu de Arte Moderna da Bahia

Por outro lado, o algodão também esteve presente nesse contexto. Os primeiros sambistas vestiram trajes simples feitos com a fibra, refletindo a realidade das classes populares que abraçaram o samba como sua voz.

Com o tempo, as escolas de samba surgiram nos morros cariocas, conduzindo o ritmo para os desfiles grandiosos, mas sem perder a essência. As fantasias de algodão, usadas tanto nos ensaios quanto em algumas alas, reforçam essa conexão histórica.

Neste cenário, o samba, como manifestação cultural e símbolo de resistência, encontra no algodão um aliado que atravessa gerações, mantendo viva a história do Carnaval brasileiro.

As baianas e suas saias rodadas

As baianas do Carnaval, especialmente as que desfilam nas escolas de samba do Rio de Janeiro, são uma das expressões mais icônicas do uso do algodão.

Inspiradas nas mulheres negras que, vindas da Bahia para o Rio, mantinham viva a cultura africana através da música, da culinária e do samba –, suas vestimentas tradicionais incluem saias rodadas volumosas, turbantes e blusas rendadas, quase sempre confeccionadas em algodão.

A escolha da matéria-prima para esses trajes não é apenas uma questão estética, mas também uma homenagem à ancestralidade africana. As saias de algodão, com suas camadas e núcleos, tornaram-se símbolos de resistência, religiosidade e beleza, sendo reverenciadas não apenas no Carnaval, mas em manifestações culturais como o Candomblé e o samba de roda.

Sõnia no Ensaio Técnico da Mocidade Unida da Mooca / Foto: Pompix 

Durante os desfiles, o movimento das saias de algodão das baianas cria um espetáculo visual único, enquanto seus trajes representam o elo entre o passado e o presente do Carnaval.

O algodão, nesse contexto, não é apenas um tecido, mas um fio condutor que conecta gerações e celebra a riqueza da cultura brasileira.

Chita: o tecido popular que conquistou o Carnaval

O tecido mais rústico de algodão estampado, conhecido como chita, carrega séculos de história e simbolismo na cultura brasileira.

Originária da Índia, a chita chegou ao Brasil durante o período colonial através das rotas comerciais portuguesas e, rapidamente se popularizou entre as classes mais humildes devido ao seu custo acessível e à facilidade de produção.

O tecido leve, se destacou por suas estampas vibrantes, geralmente florais, que remetem à exuberância tropical brasileira e à alegria característica das festas populares.

Com o tempo, a chita se consolidou como um ícone da moda popular – a cara do Carnaval, né? – onde suas cores intensas e padronagens variadas trouxeram ainda mais vida aos blocos de rua.

No frevo pernambucano, por exemplo, as saias rodadas de chita se tornaram marcas registradas, girando junto aos passos ágeis dos dançarinos. No entanto, no maracatu, o tecido compõe trajes tradicionais que exaltam a cultura afro-brasileira e sua ancestralidade.

A chita também ganhou espaço em adereços como faixas de cabeça, turbantes e estandartes de blocos, reforçando sua presença nas ruas durante o carnaval.

Além de ser uma escolha prática devido à sua leveza e durabilidade – qualidades essenciais para longas horas de folia sob o calor tropical –, o tecido representa a criatividade e a resistência do povo brasileiro, que transformou um material simples em um símbolo cultural.

Hoje, entidades como o Museu do Carnaval no Recife preservam trajes de chita como parte do patrimônio cultural, destacando sua relevância histórica e estética.

Fantasias icônicas e o algodão

Fantasias clássicas como o Malandro do Samba, com calças de algodão brancas e camisa listrada, e personagens como Pierrot, Colombina e Arlequim, tornaram-se icônicas por representarem diferentes épocas e influências culturais do Carnaval brasileiro.

O algodão, sendo leve, fresco e acessível, era o tecido ideal para o calor intenso da festa, permitindo que os foliões se movimentassem livremente.


Fantasia da Grande Rio para o Carnaval 2022. Foto: Divulgação/Agência FotoLegenda e Joana Coimbra

Essas fantasias marcaram gerações não apenas por seu simbolismo, mas também por sua praticidade. Atualmente, além dessas referências clássicas, o algodão aparece em fantasias contemporâneas, em conjuntinhos de cropped e shorts estampados e até capas e acessórios inspirados na cultura pop, mostrando que o algodão se reinventa a cada carnaval.

Peças como a clássica regata branca, shorts jeans e t-shirts são escolhas populares entre os foliões. Além de confortáveis, essas peças são ideais para enfrentar o calor e curtir a festa com estilo.

Seja nos desfiles grandiosos ou nos blocos de bairro, essa fibra natural continua sendo uma super aliada do Carnaval, unindo o passado e o presente com autenticidade e conforto.


0 comentários

deixar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *