Loading...
algodão & sustentabilidade

Da semente à fibra: conheça as etapas de desenvolvimento do algodoeiro

18 de dezembro de 2024 | 0

O algodão é muito mais do que apenas uma matéria-prima presente em nosso dia a dia. Antes de um produto de algodão chegar até a sua rotina, ele passa por um processo fascinante ainda na lavoura, cheio de transformações. Hoje, vamos mostrar como o desenvolvimento do algodoeiro acontece, já que pode variar bastante dependendo de alguns fatores, como o tipo de cultivar, o clima (principalmente a quantidade de água e a temperatura) e as condições do solo (como a fertilidade).  

Em geral, este período de amadurecimento da planta pode durar de 140 a 220 dias. Nas lavouras do Cerrado (MT, BA, GO, MS, MG, MA, PI, TO), o ciclo costuma ser um pouco mais curto, variando entre 180 e 200 dias.

Cada etapa desse ciclo tem um papel essencial para garantir a qualidade da fibra que chega até nossas mãos. Acompanhe essa jornada com a gente!

O começo do desenvolvimento do algodoeiro

Tudo começa com a semeadura, que acontece entre dezembro e fevereiro, dependendo da região e do tipo de cultivo – seja na safra principal ou na segunda safra.

É aqui que as sementes de algodão são cuidadosamente colocadas no solo fértil, onde esperam para germinar e dar início à vida das futuras plantas. Esse é o primeiro passo de um processo que vai transformar as sementes em fibras de algodão de alta qualidade.

Semeadura | Foto Abrapa

Emergência: bem-vindo!

A emergência ocorre entre 5 e 7 dias após a semeadura, quando a semente absorve água do solo e começa a se desenvolver. Esse é o momento em que a plântula emerge da terra, dando início ao crescimento. Apesar de ainda ser um estágio inicial, a planta já começa a formar as primeiras raízes e folhas, preparando-se para os próximos estágios de seu desenvolvimento.

O campo verde começa aparecer

Após a emergência, o crescimento inicial do algodoeiro é lento, mas, por volta dos 50 dias após a semeadura, ele começa a se desenvolver mais rapidamente.

Nesse momento, a planta inicia a emissão dos botões florais, por volta do 40º dia, e segue até aproximadamente o 140º dia, com o desenvolvimento do algodoeiro ocorrendo de forma gradual ao longo da planta, da base para o topo.

Entre 80 e 100 dias, a lavoura se torna um campo verde, com as plantas atingindo cerca de 1 metro de altura. Nessa fase, o algodoeiro já está repleto de estruturas reprodutivas, como botões florais, flores e maçãs, que são essenciais para o ciclo de produção das fibras.

Campo verde | Foto: Abrapa

Há flores em tudo que eu vejo!

As flores de algodão começam a surgir por volta do 60º dia após a semeadura e continuam a aparecer até o 150º dia.

Inicialmente, elas têm uma coloração branca ou creme, mas, após a polinização, mudam para um tom rosa vibrante. Essa mudança de cor é uma característica marcante do algodão cultivado no Brasil (Gossypium hirsutum), diferente das variedades Gossypium barbadense, cujas flores são geralmente amarelas.

A floração é fundamental para o desenvolvimento das maçãs de algodão, que conterão as fibras que serão colhidas mais tarde.

Flor do algodão | Foto: Rudney-Abrapa

O desenvolvimento dos frutos

Entre os 70 e 180 dias após a semeadura, as maçãs de algodão começam a se formar e amadurecer, marcando a fase de amadurecimento no desenvolvimento do algodoeiro. Esse é o estágio em que a planta entra no auge do seu ciclo reprodutivo, e as estruturas arredondadas começam a guardar as fibras que serão colhidas mais tarde.

Durante essa fase, as maçãs ainda estão se desenvolvendo e a planta direciona sua energia para garantir que esses frutos se tornem plenos em tamanho e qualidade.

Maças do algodão | Foto: Wenderson Araujo

Campo branco

Por volta dos 160 dias após a semeadura, as maçãs de algodão começam a se abrir, revelando as fibras brancas e macias que são o algodão bruto.

Esse é o momento conhecido como “campo branco”, que se estende até cerca de 200 dias após a semeadura. A abertura das maçãs (nesta fase, já são chamadas de capulho) indica que o algodão está pronto para ser colhido.

Durante essa fase, as plantas estão em seu estágio final de maturação, e a colheita pode ser iniciada assim que a maioria das maçãs estiver aberta e seca, garantindo a obtenção das fibras no ponto ideal para sua qualidade.

Campo branco, com fibras já amadurecidas | Foto: Abrapa

Hora de colher tudo que foi plantado

A colheita acontece entre junho e setembro, dependendo da região e da variedade plantada.

Nesta fase, é importante garantir que a maioria das maçãs esteja aberta para colher fibras maduras e de alta qualidade. Períodos secos são ideais para evitar problemas como umidade excessiva, que pode comprometer o algodão.

Colheita do algodão | Foto: Abrapa

Garantindo a qualidade do algodão

Após a colheita, o algodão ainda com caroço segue para o beneficiamento. Aqui, as fibras são separadas das sementes e passam por processos de limpeza e ajustes técnicos para garantir qualidade.

Detalhes como controle de umidade e calibragem dos equipamentos são fundamentais para preservar as fibras.

Beneficiamento do algodão | Foto: Abrapa

Análise em laboratório 

Como falamos anteriormente, controlar a umidade do algodão é superimportante para garantir que ele tenha boa qualidade.

Por exemplo, se o algodão estiver muito seco, as fibras podem acabar danificando, gerando mais fibras curtas. Por outro lado, se tiver umidade demais, o processo de descaroçamento fica mais difícil, o que torna o processo menos eficiente.

Por isso, é essencial monitorar a umidade o tempo todo para que tudo aconteça de forma tranquila e com a qualidade certa.

Além disso, os equipamentos de descaroçamento e limpeza precisam ser ajustados de acordo com o tipo de algodão que está sendo processado. Esses ajustes ajudam a evitar que pedaços da casca do caroço (seed coat) sujem a fibra e comprometam a qualidade, além de reduzir o índice de fibras curtas.

Outra coisa importante: a manutenção das escovas e grelhas dos equipamentos, que garantem uma limpeza bem feita e ajudam a manter o rendimento e a qualidade das fibras.

Amostras são retiradas do algodão no laboratório | Foto> Carlos Rudney

Armazenamento adequado e rastreabilidade

Depois de todo o beneficiamento, é importante guardar o algodão do jeito certo para que ele continue com a boa qualidade. Aqui, os fardos (estrutura na qual o algodão é compactado para transporte) precisam ser armazenados em locais secos, com boa ventilação, longe da umidade e de pragas.

O ideal é usar pátios externos, colocando os fardos sobre estrados e cobrindo-os com lonas. Também é importante garantir o espaço certo entre os fardos, conforme as orientações das seguradoras.

Para que todo o processo seja transparente, é fundamental registrar as informações de cada lote processado. Assim, conseguimos rastrear o algodão, sabendo de onde veio, como foi beneficiado e as características da fibra. Isso aumenta a confiança no produto e faz com que ele seja mais valorizado no mercado.

Algodão enfardado e pronto para seguir para a indústria têxtil | Foto: Carlos Rudney

Falando nisso, você sabia que o algodão brasileiro é rastreável fardo a fardo? Os profissionais das indústrias têxteis que recebem nossos fardos, podem acessar os dados de origem através de uma etiqueta ou QR Code, anexados em cada fardo. Saiba mais sobre este processo AQUI. 

E então, gostou de saber como é o desenvolvimento do algodoeiro? Deixe seu comentário pra gente!


0 comentários

deixar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *