Craftcore: a tendência que resgata o artesanal
Para a artesã Marie Castro, o interesse atual pelo manual mostra que o resgate do antigo é uma forma mais consciente de olhar para o futuro.
Após décadas de avanços industriais, encontramos um mundo que está voltando seu olhar novamente para os processos artesanais. Diante dos tempos difíceis que todos nós vivemos, sentimos a necessidade e urgência de entender, e até muitas vezes, fazer parte dos processos dos produtos que consumimos. Sabemos, no entanto, que a tecnologia é uma grande aliada para buscar informações sobre matérias primas, técnicas manuais e sustentabilidade.
Assim como o movimento punk ressignificou a escassez de materiais em plena década de 1970, vivemos algo parecido com a pandemia. Estamos cercados de incertezas econômicas e sociais. É preciso dar sentido e valor para tudo que já possuímos e a geração Z já apontou o craftcore como uma tendência que veio para trazer toda essa consciência de consumo.
Diante disso, é válido apontar que todo o distanciamento que tivemos dos processos que circundam os produtos, agora se torna uma espécie de acolhimento artesanal. Muitas marcas já estão conectadas com esses novos ideais e repensando suas cadeias produtivas!
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Enxoval artesanal do Ateliê Borda Arte, marca parceira Sou de Algodão
Quem faz o que você compra?
Um exemplo forte deste movimento pode ser a febre do casaco da grife J W Anderson, que Harry Styles usou em uma apresentação no ano passado.
A peça é composta de vários patches coloridos de tricô manual e logo fez sucesso nas principais redes sociais, como TikTok e Instagram. Foi lançada uma hashtag e o mundo se uniu para reproduzir o casaco, trocando dicas de pontos, materiais e modelagem. A própria grife detentora do design do casaco resolveu postar, no Youtube, um tutorial completo em resposta ao movimento.
Já aqui no Brasil podemos comparar tendências semelhantes com o “cropped top da Bruna Marquezine”, que é, nada mais, nada menos, que uma peça artesanal da marca britânica Hope Macauley, conhecida por seus tricôs oversized.
Após a atriz usar a peça e postar suas redes sociais, várias tags foram criadas e modelos inspirados nela pipocaram nas redes sociais. Outro fato importante é que essa tendência não se limita apenas ao tricô ou crochê. Também podemos observar movimentos de bordado livre, de costura criativa, de upcycling, de macramê e de tantas outras técnicas artesanais.
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Produção no Acaiá Ateliê, marca parceira Sou de Algodão
Valorização da origem veio para ficar
Outras marcas que sempre estão colocando elementos de craftcore em suas coleções são Valentino, que recentemente lançou um tênis de crochê, Prada, Bottega Veneta, Louis Vuitton e Gucci.
Essa valorização do artesanal pode ser considerada uma onda que veio para ficar e um sinal para que as empresas repensem os seus processos e relações com seus clientes. Afinal, a moda precisa ser mais ancestral, afetiva e sustentável!
Alguns apontadores de sucesso dentro da comunidade do craftcore são: cardigans oversized, peças extremamente coloridas, toque vintage, moda boho, moda praia e os famosos quadradinhos de crochê (granny squares).
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A designer de interiores e artesã Rubyane Borba, criadora da marca Vermelho Rosa, parceira Sou de Algodão, e apaixonada por crochê.
Craft vai muito além do consumo
Além de poder aprender técnicas manuais interessantes e ajudar o meio ambiente, você pode se favorecer dos benefícios terapêuticos trazidos por essas práticas. Muitas delas reduzem nossos níveis de estresse, previnem doenças degenerativas, ajudam no desenvolvimento motor de crianças, melhoram a autoestima e aumentam a capacidade do cérebro em se concentrar.
Um artesão novato sempre pode também recorrer a uma comunidade e rede de contatos, em todos os cantos do mundo, para auxiliá-lo em suas investidas no mundo artesanal!
Todo esse interesse pelo manual mostra que o resgate do antigo é uma forma mais consciente de olhar para o novo, entender sua trajetória e respeitar seus processos.
Muito bom. Amo crochetar, tricotar, bordar, mas linhas e lãs são muito caras em nossos armarinhos. Isso dificulta o trabalho da artesã ou artesão.