Algodão orgânico e algodão sustentável são a mesma coisa?
Se você sempre relaciona a palavra sustentabilidade a produtos orgânicos, saiba que não é o único. Por conta da aparente afinidade dos propósitos das duas palavras existe essa confusão. Muita gente acaba compreendendo que o algodão sustentável é a mesma coisa que algodão orgânico. Porém, temos uma notícia: são coisas completamente diferentes.
Algo muito importante que é preciso explicar, é que o algodão considerado sustentável nem sempre é orgânico e vice-versa. Muito dessa confusão acontece por conta do buzz gerado pelas palavras “orgânico” e “sustentável” nos últimos anos. Não raramente, as duas expressões ganham associação direta em artigos, matérias jornalísticas e discursos de formadores de opinião na área ambiental. Mas, para entender melhor essa confusão e evitar passar informação incorreta, vamos ao começo de tudo: os conceitos.
O QUE É O ALGODÃO ORGÂNICO?
O algodão orgânico vem de uma técnica de produção que não permite o uso de defensivos ou fertilizantes sintéticos (químicos), assim como de tecnologias como sementes transgênicas. Os cultivos orgânicos, geralmente, são realizados em terrenos menores e atendem uma demanda limitada, já que dependem, exclusivamente de fatores naturais.
Por conta da produção em quantidade reduzida, o algodão orgânico acaba tendo um valor de mercado bem maior. Isso quer dizer que para o consumidor final, uma peça de roupa, por exemplo, custará bem mais do que se fosse feita com a fibra cultivada de forma convencional.
O QUE É O ALGODÃO SUSTENTÁVEL?
O algodão sustentável, por outro lado, é cultivado de maneira tradicional, com o uso de tecnologias de ponta que possibilitam o controle de pragas e ajudam a manter o padrão de qualidade da fibra. O aproveitamento do algodão é total!
Para ser considerado sustentável, o algodão precisa respeitar os três pilares básicos do conceito da sustentabilidade:
Ambiental: a produção deve preservar o meio ambiente onde está inserida – não desmatar, promover boas práticas ecológicas, como o uso consciente de defensivos, e ter um programa efetivo de uso inteligente da água. AQUI você tem mais informações sobre o pilar ambiental.
Social: a produção deve respeitar todo e qualquer sistema que envolva empresas e instituições, trabalhando para que haja relações dignas e bilaterais entre as partes. Aqui está a valorização de colaboradores de uma cadeia produtiva e o total combate ao trabalho escravo e infantil.
Econômico: a produção deve promover práticas econômicas justas e que colaborem para o desenvolvimento do seu ecossistema de mercado e do país.
Algodão orgânico e sustentável não são a mesma coisa | Foto: divulgação Abrapa
A DIFERENÇA ENTRE ORGÂNICO E SUSTENTÁVEL
Dessa forma, equiparar sustentabilidade e orgânicos é como tentar igualar bananas e laranjas, uma vez que orgânicos se referem a uma técnica de produção que não permite o uso de defensivos ou fertilizantes sintéticos (químicos) no processo, assim como de tecnologias como os transgênicos. Já a sustentabilidade é um conceito, baseado nos pilares ambiental, social e econômico, segundo o qual os recursos utilizados na produção têm de ser pensados de modo a atender à demanda presente e também à das futuras gerações, permitindo, inclusive, a longevidade da atividade produtiva.
Para o engenheiro agrônomo, doutor em produção vegetal e chefe-geral da Embrapa Algodão, Liv Severino, as palavras orgânico e sustentável não apenas não têm o mesmo significado, como podem levar a conclusões opostas.
Um dos exemplos, diz respeito à relação entre as altas produtividades e a área necessária para a produção. “Se a produtividade é alta, a produção por hectare será maior, e menos área de lavouras serão necessárias para atender à demanda de consumo. Isso significa menos impactos ambientais”, explica.
FAZENDO AS CONTAS
O Brasil tem a maior produtividade em algodão do mundo quando considerada a produção em sequeiro, que é a que não utiliza irrigação artificial. São, na média, 1,76 mil quilos de pluma (algodão beneficiado) por hectare.
De acordo com diretor executivo do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Álvaro Salles, a média obtida nos projetos de agricultura familiar financiados pelo Fundo de Apoio à Cultura do Algodão (Facual), com a algodão orgânico no Mato Grosso, são de 684 quilos de pluma por hectare. Considerando o consumo de algodão da indústria têxtil no Brasil, que é de 700 mil toneladas, para atender a esta demanda com a atual produtividade das lavouras de algodão brasileiras, são necessários 398 mil hectares.
“Se fosse com agricultura orgânica, a gente teria que cultivar 1,03 milhão de hectares, o que causaria impacto ambiental muito maior”, afirma Liv Severino. Hoje, o Brasil não apenas atende completamente a necessidade da indústria têxtil interna, como exporta o excedente dos seus quase 3 milhões de toneladas de algodão, produzidos na safra 2018/2019.
Por isso, somos o segundo maior exportador mundial de algodão, atrás apenas dos Estados Unidos!
Agora que você já sabe a diferença entre o algodão orgânico e o algodão sustentável tem argumento de sobra para embasar escolhas mais conscientes!
E se você tem uma marca e quer fazer parte do movimento Sou de Algodão oficialmente, entre em contato com a gente! Temos muito pra conversar!
—
Com informações da Imprensa / Abrapa
sou indigena e a todo tempo temos buscado em MT formas de sustento financeiro
muito bom saber sobre o algodão orgânico, talvez seja uma excelente forma
de se sustentar financeiramente, além do que tem tentado pregar para os indigenas
que é a produção em larga escala, que terá impactos no meio ambiente muito forte