A moda e sua efemeridade: uma reflexão sobre o tempo
Tive a oportunidade de viver Milão e Paris, no último mês, durante as semanas de moda que marcam o calendário das próximas novidades e do que irá pautar desejos das novas estéticas e consumo. Mas, foi ali, nas cidades mais cosmopolitas do mundo, que vivenciei a presença de uma tendência de comportamento mais do que confirmada: o tempo que valoriza o tempo!
Na agitação que é inerente às cidades grandes e a minha agenda que estava pautada por compromisso, pesquisas de mercado e visitas a showrooms, pude presenciar pessoas cheias de estilo com autonomia e sabedoria sobre o tempo que tinham.
Esqueça olhares fincados em smartphones ou computadores ligados sob as mesas tentando atender demandas externas. O tempo daquelas pessoas que vi em cafés, bares, restaurantes e praças era destinado a uma única coisa: a pausa real de vivenciar o presente, o momento que ali acontecia sob os minutos que marcavam a vida.
É bonito ver a magia do ordinário acontecendo: viver a vida que acontece no exato momento em que se vive ela. Não há afiliação ou respiros ofegantes. Pelo contrário, o tempo delas parecia ser outro. Era um tempo estendido e capaz de gerar a calma que tanto buscamos por aqui.
Mulheres e homens apenas curtiam, entre um gole de café e outro, ou durante uma caminhada ao ar livre, a vida que desejam ter naquele momento. É bonito ver a pausa que não atrasa a agenda, mas que soma instantes de vida.
Por estar numa semana de moda, percebi que ali havia a contradição sobre a velocidade do tempo.Enquanto o mundo ansiava por próximas novidades a serem postas em um estado de emergência, as pessoas na rua estavam contando o tempo em outra passada.
Se as ruas indicam sobre as tendências de comportamento, as passarelas tentam acompanhar esse ponto de atenção. Não à toa, embora acontecendo sob frenesi do tempo midiático, as marcas mostraram que a próxima temporada será marcada por um minimalismo que vem na ótica de tentar mostrar a perenidade que se perdeu ao longo do, vejam só, o tempo.
Foi possível ver que nas passarelas e nas ruas havia o mesmo desejo: a desaceleração. E esse movimento veio em diferentes signos: shapes, tecidos, cores e formas do construir a roupa.Tudo foi pautado sobre o questionamento do estilo de vida que se vive num mundo que já não aguenta mais tanta aceleração – seja da produção, do consumo e do que fazemos com nossas horas, e o tempo que há tanto tempo já desperdiçamos dos recursos do planeta.
Falar sobre os sintomas da nossa era é algo que precisamos colocar na agenda. E, para isso, realmente precisamos valorizar a pausa e fazer uma ode ao tempo.
Quanta informação boa! Que as mulheres cresçam, conquistem cada vez mais espaço e se tornem cada vez menos dependentes!
Nota 10 isso é incrível