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Chegamos ao final do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, nosso concurso voltado para estudantes de moda brasileiros. E estamos na etapa que antecede o que todos estão esperando: o desfile na Casa de Criadores!

É lá que os finalistas, que saíram recentemente na Capricho, darão vida às suas coleções e mostrarão que todo o esforço e dedicação, durante esse processo seletivo, valeu a pena. Com o apoio dos seus professores orientadores, eles irão apresentar 6 looks (pelo menos 2 em denim) com, no mínimo, 70% de algodão cada.

O resultado? Um show de brasilidade e regionalidade! É incrível ver como eles se inspiraram na cultura dos seus estados para desconstruir a moda nacional e mostrar a criatividade que eles têm na veia.

Se você não imaginava que o algodão poderia ser uma fibra tão versátil, espere até conferir esse spoiler do que vem por aí. Conheça os finalistas do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores!

CENTRO-OESTE
representantes

Júlia Theophilo | Coleção: “Redefinindo Curvas”

Instituto Federal de Brasília (IFB) | Orientadora: Rafaela Felipe Asmar

Inspirada na sua experiência pessoal com a escoliose, uma curvatura atípica da coluna vertebral, a coleção é uma breve história dessa jornada que influenciou diretamente a percepção da estudante sobre o significado da beleza.

É possível ver na construção das peças os aspectos estéticos da escoliose, como o desalinhamento dos ombros e quadril, a presença da gibosidade nas costas e na escápula, a assimetria das mamas e da cintura e as curvaturas da coluna.

No Brasil, estima-se que 6 milhões de pessoas são afetadas por essa condição, a maioria delas sendo adolescentes do sexo feminino. Quando a moda consegue trazer novas perspectivas de beleza, desconstruindo padrões tradicionais, é porque ela está no caminho certo!

     
croqui + peça desenvolvida e apresentada para o Juri do 3º Desafio Sou de Algodão + CDC

Lucas Caslú | Coleção: “Experiências” 

Universidade Salgado de Oliveira (Universo) | Orientadora: Suely Moreira Borges Calafiori

Lucas é um acumulador assumido e sua coleção é um reflexo disso. O estudante misturou fotografias, embalagens, suas próprias roupas, retalhos e acessórios para construir peças assimétricas e cheias de criatividade.

O look produzido especialmente para o 3º Desafio Sou de Algodão + CDC foi confeccionado com 8 metros de tricoline branco 100% algodão, 2 metros de brim e retalhos para as tiras.

O upcycling faz parte da vivência dos amantes de moda muito antes do termo ser criado. Dar um novo sentido e uso para peças paradas no armário e explorar itens não convencionais é o que faz a moda ser mais responsável, acessível e democrática.

Uma curiosidade sobre essa mochila maravilhosa: ela contém 100 bombons de tecido, bolsos laterais, internos e divisão para notebook. So-cor-ro!!!

croqui + peça desenvolvida e apresentada para o Juri do 3º Desafio Sou de Algodão + CDC

NORDESTE
representantes

Artur Leovegildo  | coleção: “Exposição de fatos extraordinários” 

Universidade Federal do Cariri (UFCA) – Orientadora: Cleonisia Alves Rodrigues do Vale  

Tendo a região do Cariri cearense como ponto de partida, a coleção traz um suposto acontecimento no século XIX: “o milagre da hóstia”, que ocorreu na cidade de Juazeiro do Norte, no sul do Ceará.

Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo foi definida, segundo os poucos registros existentes, como uma mulher preta, pobre e analfabeta que protagonizou esse acontecimento, ao lado de Cícero Romão Batista, o Padre Cícero.

Sua história foi silenciada na memória e na historiografia do território, e ela foi o principal alvo de críticas, acusações e punições. Maria foi julgada como embusteira pela Igreja Católica e pela mídia, e condenada ao enclausuramento. Posteriormente à sua morte, ela teve seu túmulo violado e seus restos mortais roubados, sendo um mistério seu paradeiro até os dias atuais.

Esse projeto se uniu a outros grupos da região, encabeçados pelo movimento feminista, a educadores e pesquisadores, para contribuir com a reabilitação da memória dessa personagem secular através da moda.

croqui + peça desenvolvida e apresentada para o Juri do 3º Desafio Sou de Algodão + CDC

Natalia Ferreira (DASI) | coleção: “Yo Soy Latino-Americano” 

Universidade Salvador (Unifacs) | Orientador: Maurício Portela

O projeto visa desconstruir noções eurocêntricas da moda e dos corpos que refletem este mesmo padrão, através da conexão entre aqueles que não são vistos como potência criativa.

Com referências tradicionais como bordados, patchwork e chita, a coleção celebra os latino-americanos, utilizando técnicas de beneficiamento de resíduos têxteis na construção dos looks que serão apresentados no 3º Desafio Sou de Algodão + CDC.

A coleção tem foco no México, Brasil e Colômbia, países que se destacaram enquanto formadores da moda autoral, representada, respectivamente, pelos Pachucos, pela brasilidade dos bordados e rendas de Zuzu Angel e pela cultura indígena colombiana, com o foco na tapeçaria das bolsas Wayuu.

 
croqui + peça desenvolvida e apresentada para o Juri do 3º Desafio Sou de Algodão + CDC

NORTE
representantes

Fernanda Bastos  |coleção “Na esquina do Rio” 

Faculdade Estácio do Pará (FAP) | Orientadora: Clarisse Fonseca Chagas  

Quando a cultura é usada como um espelho do artista, ela reflete a identidade daquele indivíduo e, consequentemente, dos grupos dos quais ele faz parte. E foi assim que a coleção da Fernanda, que traz a forma da locomoção hidroviária, mais especificamente no trajeto Macapá/AP — Belém/PA, foi construída.

É sobre as estradas da Bacia Amazônica, seus inúmeros rios e tudo o que foi visto durante essa travessia constante da estudante para estudar Design de Moda.

O look produzido para o 3º Desafio Sou de Algodão + CDC é o mapa dessa estrada, composto de bordados em máquina de costura, feitos em fios de barbante e macramê, com texturas com fio de malha e resíduos de cortes de brim. Com detalhe para as costas, os punhos originais de rede fazem a amarração.

 
peça desenvolvida e apresentada para o Juri do 3º Desafio Sou de Algodão + CDC

Bruno Balbidri  – com a coleção “CAUPÉ: Uma Ode à mulher amazônica” 

Universidade da Amazônia (Unama) | Orientadora: Felícia Assmar Maia

O projeto celebra “Caupé”, uma deusa da mitologia Tupi-Guarani, conectando as tradições indígenas, ribeirinhas e caboclas com influências europeias e destacando a diversidade e resiliência das mulheres da região.

No look confeccionado, os desenhos azuis, inspirados no cacau e no açaí, transportam-nos para as ilhas ao redor de Belém. As bordas douradas em relevo evocam a sofisticação e o esplendor da Belle Époque, auge do ciclo da borracha na região de José.

Além das fronteiras do catolicismo, esta coleção se expande para abraçar outras tradições e mitologias que veneram a feminilidade divina. De deusas a sereias, de entidades a amazonas, cada peça é um testemunho da diversidade e da beleza que permeia as histórias e crenças ao redor do mundo.

 
croqui + peça desenvolvida e apresentada para o Juri do 3º Desafio Sou de Algodão + CDC

SUDESTE
representantes

João Freitas com a coleção “Mechanitis” 

Universidade Anhembi Morumbi  | Orientadora: Maria Fernanda Cintra  

Inspirado no seu próprio processo de amadurecimento, enquanto designer/estilista, a coleção deve ser vista como uma analogia ao processo de metamorfose da borboleta, do gênero Mechanitis.

João desenvolveu diversas habilidades que estavam adormecidas durante a pandemia, o que o motivou a criar o primeiro look apresentado para sua inscrição no 3⁠º Desafio Sou de Algodão + CDC.

A peça retrata a fase “larva” pré-pandemia, quando o estudante, ao mesmo tempo em que era muito ingênuo, precisava se proteger do mundo. O tie-dye verde simula a larva, fase inicial da borboleta, e o volume e a pele à mostra marcam essa dualidade da ingenuidade e do medo.

 
croqui + peça desenvolvida e apresentada para o Juri do 3º Desafio Sou de Algodão + CDC

Laura Diniz e Yohanna | coleção: “Corpo Mutante”

Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) – Orientador: Walvyker Alves de Souza

A crise ambiental é tratada nesta coleção como uma ferramenta de questionamento político, tendo como objetivo incentivar a produção e consumo responsável, incluindo a redução de resíduos e a utilização sustentável dos recursos naturais.

As peças retratam o processo de “refazimento do corpo” a partir do reconhecimento de si e de estar interconectado com o meio em que vive. Mostrando o despertar dos seres humanos num contexto individual e coletivo: individual em relação às tomadas de consciência e mudanças de pensamento; coletivo a partir dessas revoluções micropolíticas, alterando a forma de se relacionar com o ambiente em que vivemos.

 
croqui + peça desenvolvida e apresentada para o Juri do 3º Desafio Sou de Algodão + CDC

SUL
representantes

Nanda Oliveira e Queren Santos | coleção: “A ausência daquela que EXISTE” 

UniSenaiPR – Orientadora: Amanda Calixto de Castro  

A dupla traz o conceito de “brega street” para sua coleção, um segmento agênero que mistura a estética street, muito vinculada ao vestuário masculino, com silhuetas tipicamente “femininas”.

A perspectiva é decolonial, na qual corpos racializados e suas pluralidades são o ponto de partida da criação. As peças são baseadas na vivência pessoal das criadoras com um corpo negro feminino, nas estruturas da branquitude do Sul do Brasil.

A mescla entre os estilos de streetwear (simbolizando o negro) e alfaiataria (simbolizando a branquitude) foram cuidadosamente pensados para estruturar essa narrativa e traduzir, de maneira visceral e artística, as sensações vividas durante a complexa trajetória de existir em ambientes estruturalmente racistas.

croqui + peça desenvolvida e apresentada para o Juri do 3º Desafio Sou de Algodão + CDC

Vitoria Antunes | coleção: “Sapiens Caribal” 

Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RS) – Orientadora: Mariana Dourado Castro

Sapiens Caribal, da etimologia de origem: homo-sapiens, do latim “homem que sabe”, pela presença de autoconsciência, sapiência; e caribal, do espanhol “selvagem”, pelo comportamento arbitrário de alimentação da própria espécie.

A coleção é a construção de uma narrativa tangível e literal na busca da sensibilização sobre a função individual real e ativa, enquanto coletivo social, dito civilizado, e a urgência de um olhar mais gentil para a nossa biodiversidade.

É com a riqueza de técnicas têxteis e artesanais existentes que o algodão, na sua essência natural e variadas formas, enaltece as manualidades brasileiras, advindas das culturas originárias indígenas, das referências africanas e europeias.

As cores presentes nas peças retratam as áreas dos biomas: vermelho, laranja, amarelo e azul, sobretudo, com destaque ao vermelho, que, pela psicologia, denota a intensidade, a força e o perigo cabíveis à mensagem que a estudante deseja passar.

 
croqui + peça desenvolvida e apresentada para o Juri do 3º Desafio Sou de Algodão + CDC

Quantos talentos nesse Brasil, né? Com um recorde de inscrições nesta edição – mais de 950 -, esses estudantes trouxeram conceitos, técnicas e mostraram a pluralidade do nosso País, ao explorar a individualidade de cada região.

O desfile final do 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, que irá revelar o ganhador do concurso e novo talento do evento, acontecerá na 55a edição, prevista para novembro de 2024. Fique de olho nas nossas redes sociais e acompanhe o resultado!

Ah, para conhecer mais sobre o trabalho desses artistas, acompanhe-os pelo Instagram através do link no nome deles.