2018 foi um ano intenso para o Sou de Algodão
Uma safra e tanto. Casa de Criadores, SPFW, desafio para estudantes, Cotton Trip. Em 2018, o Movimento Sou de Algodão abraçou a moda e mostrou a força da matéria-prima
O Sou de Algodão encerra 2018 em grande forma. Foram três participações nas principais semanas de moda do país – duas na Casa de Criadores, onde o algodão ganhou noite própria, e uma no SPFW, em que João Pimenta levou para a passarela uma coleção feminina 100% feita em algodão, trabalhando pela primeira vez com uma única fibra e provando que é possível ter até um couro feito à base da matéria-prima (conquistado com a ajuda do látex).
Sim, o Brasil é o maior produtor de algodão sustentável do mundo, respondendo por 1/3 da demanda. E mostrar que a fibra é democrática – vai do dia a dia à festa, da moda à cama, mesa e banho –, ideal para nosso clima tropical e, claro, coisa nossa, made in Brazil, é um dos propósitos do Movimento desde 2016, ano em que foi criado.
“Sabemos que é um esforço de longo prazo e um trabalho contínuo”, afirma Arlindo Moura, presidente da Abrapa (Associação Brasileira de Produtores de Algodão). “Mas fechamos 2018 muito felizes com o resultado de tantas ações”.
Confira a entrevista:
2018 foi um ano intenso para o Sou de Algodão. Como a Abrapa vê a repercussão do Movimento?
O Sou de Algodão foi criado em outubro de 2016 e, no ano seguinte, em 2017, um dos principais desafios foi mostrar que somos um movimento e não uma marca. Sabíamos desde o começo que é um esforço de longo prazo e um trabalho contínuo, pois não vendemos um produto, chegamos ao consumidor final através das marcas, é uma cadeia. E o fato de termos crescido, com 60 marcas novas entrando para o movimento neste ano, nos deixa muito felizes, porque, se elas acreditam no que estamos fazendo, fica muito mais fácil levar a mensagem ao consumidor final.
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Parcerias com semanas de moda foram essenciais neste processo? Quais destaques você sinalizaria?
A presença em dois grandes eventos de moda fez com que circulássemos em um meio em que não conversávamos normalmente. E acreditamos que é fundamental estar em ambos, cada um deles cumpre sua função e cada vez mais chamamos a atenção das pessoas e mostramos que é bacana usar algodão. Na Casa de Criadores, o propósito é incentivar o novo, quem está começando, o criativo. Já o SPFW tem um público fashionista e estilistas consagrados. Estar lá, pela primeira vez com uma coleção 100% feita em algodão e assinada por João Pimenta, foi muito relevante, porque existem variações do tecido, mas há uma limitação em relação ao caimento. Quando o João aceitou o desafio de trabalhar apenas com a fibra, ele realmente abraçou a causa e mostrou que é possível ser criativo e fazer coisas diferentes.
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Na Casa de Criadores, além de desfiles e uma noite inteira temática, um concurso foi lançado a estudantes. Qual foi o resultado da iniciativa e qual é a importância de colocar a matéria-prima no radar de jovens designers?
É muito importante, porque são eles quem ditarão a moda no futuro. Não à toa, temos um pilar informacional e, neste ano, levamos grupos de estudantes, estilistas e jornalistas para conhecer uma fazenda de algodão, em uma ação batizada de Cotton Trip. Foi a primeira vez que fizemos isso e foi uma atividade que deu um retorno bastante interessante, inclusive para vermos os interesses que eles têm. Em relação ao Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, ficamos muito felizes com o resultado, pois tivemos mais de 100 inscritos em menos de um mês, e percebemos que o movimento, de alguma forma, também contribui com a sociedade – várias pessoas, inclusive, nos procuraram pedindo para que abríssemos o leque e incluíssemos autodidatas, pessoas que já trabalham no meio, o que nos deu a ideia de criar outros desafios. Em março de 2019, vamos selecionar os 20 looks semifinalistas desse primeiro concurso, e a banca julgadora escolherá 6 deles para desfilar na edição 45 da Casa de Criadores. O grande vencedor entrará no line-up da temporada seguinte. E já estamos pensando em outras possibilidades, no relacionamento com universidades e também com quem já faz parte do mercado de moda.
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O Brasil é o maior produtor de algodão sustentável do mundo. Além da sustentabilidade, qual outra bandeira do Movimento?
30% do algodão usado no mundo sai de fazendas brasileiras, somos o maior produtor mundial e nossa safra 17/18, teve 79% da produção certificada, o que contribui muito para a agenda da sustentabilidade. Além disso, temos a preocupação social, com os trabalhadores que estão nas fazendas, nas comunidades, com as pequenas cooperativas. Sempre que possível procuramos trabalhar com iniciativas que favoreçam o emprego, o empoderamento feminino, como é o caso da Cooperativa Bordana, que participou das apresentações de Isaac Silva na Casa de Criadores e João Pimenta, no SPFW. Fazemos as pontes, entramos como facilitadores de negócios, aproximamos os elos da cadeia, vemos o que podemos fazer para melhorar a estrutura delas e ajudamos a dar publicidade. A Celma de Oliveira, fundadora da Bordana, por exemplo, conseguiu um posicionamento diferente depois das parcerias, ela está até participando do Caldeirão do Huck, o que ajuda com certeza a dar mais visibilidade ainda ao seu projeto.
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2018 foi um ano intenso para o Sou de Algodão. O que podemos esperar para 2019?
O algodão é uma matéria-prima muito forte no denim, na moda infantil, na casa, mesa e banho, não só na moda. Vamos continuar nossa parceria com os estilistas, mas ampliar o olhar para outros segmentos porque temos intenção de ser plural. Somos uma fibra democrática e levamos isso muito a sério.
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