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moda & estilo

Paixão pelas origens ganha as passarelas: conheça o trabalho de Priscilla Silva

31 de março de 2021 | 2

Raízes indígenas e a lembrança da costura no colo da avó são a inspiração para o trabalho da estilista Priscilla Silva, que desponta no cenário da moda autoral brasileira 

A coleção estava toda criada quando veio o anúncio da pandemia no início de 2020. Para tudo, mundo em stand by, a preocupação pesava sobre os ombros de todos. poucas semanas de apresentar o seu trabalho em um desfile na Casa de Criadores – o primeiro realizado 100% virtual a estilista Priscilla Silva voltou à estaca zero para recomeçar tudo, de modo que suas ideias fizessem sentido naquele momento tão maluco. Surgiu, então, a coleção Casulo, inspirada nos sentimentos que nos assolaram durante a crise gerada pela Covid-19. Medo, alegria, tristeza, raiva e amor foram representados em cores e cortes.  

Aos 27 anos, nascida e criada em São José dos Campos – SP, Priscilla Silva é uma das grandes expoentes da moda autoral brasileira da atualidade. E não por menos. Através de crochê, artes manuais e tecidos naturais à base de algodão, a estilista aposta em suas raízes na linhagem indígena dos povos Kapinawá e Kambiwá Pernambuco para falar de identidade e orgulho da origem. Apaixonada pelo “feito à mão”, sua criação trava um diálogo entre alfaiataria e artesanato, geometria e fluidez.  

Conversamos com a estilista para saber um pouco mais sobre sua história e trajetória.  

SdA – No ano passado, você estava com uma coleção pronta quando veio a pandemia. Como essa situação influenciou no seu olhar sobre o próprio trabalho e a realidade?  

Fomos pegos de surpresa, então percebi que tinha um desafio pela frente. Mudei o tema na última hora, queria apresentar algo que estava latente que eram os sentimentos à flor da pele em um momento de distanciamento. Tivemos que nos adaptar de acordo com a realidade que estávamos vivendo, muita paciência e cuidado. Mas, no final, deu tudo certo e foi um sucesso a apresentação!

Amor, representado na coleção Casulo | Foto: divulgação

SdA – O crochê e o feito à mão sempre têm grande destaque nas suas criações.  O que o artesanal significa pra você? 

O crochê sempre está presente nas criações, queremos levar ancestralidade e valorizar o trabalho manual, com uma visão atualizada. 

SdA – Sua estreia foi em um desfile no PIM – Periferia Inventando Moda. Como foi essa criação e o que ela significou pra sua carreira?

Isso tem um grande significado pra mim. Eu já trabalhava com moda antes, mas acredito que a sensação de apresentar um trabalho para um público como aquele foi algo transformador. Desse desfile, em diante muitas portas se abriram. 

Priscilla (ao centro) com modelos do seu desfile na 46ª Casa de Criadores | Foto: divulgação

SdA – O algodão tem uma participação importante no seu processo criativo. Qual o papel dele na sua moda autoral?

Acredito que, assim como o crochê, o algodão tem um protagonismo nas criações. Queremos valorizar a matéria prima brasileira de uma forma sustentável em toda sua cadeia produtiva.

SdA – Como anda o seu projeto social em Pernambuco, com povos indígenas? E qual a sua relação com a cultura indígena? 

Tem sido um momento delicado nas aldeias indígenas. Nosso papel tem sido ajudar enviando recursos que conseguimos através da venda de máscaras, para ajudar na alimentação e produtos de higiene pessoal. Minha relação com a cultura indígena já existia pelo fato de ser descendente, masde forma direta, faz seis anos que tive uma imersão. Nesse momento, percebi o quão importante seria valorizar o trabalho artesanal, incentivando a cultura. Então, incluímos a identidade indígena na coleção e também focamos nas vendas, com todos remunerados por isso.

Diálogo improvável entre alfaiataria e crochê na coleção Casulo | Foto: divulgação

SdA – Quais os três principais conselhos que você daria hoje para um estudante de moda hoje que deseja conquistar seu lugar ao sol? 

Seja autêntico com suas ideias. Tenha persistência, mesmo com as dificuldades que irá enfrentar ao longo do caminho. Tenha muito amor pelo que faz.

SdA – Qual a sua primeira memória com moda e costura? 

Minha primeira memória com a moda é da minha vó costurando e eu no colo dela. Foi uma das melhores brincadeiras fazer roupas para bonecas com retalhos. Até hoje, ela é minha inspiração na moda e na vida. 

Priscilla Silva Brand é marca parceira Sou de Algodão 

 


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