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algodão & sustentabilidade

10 dicas práticas para quem quer abrir um brechó

20 de agosto de 2020 | 14

Convidamos as empreendedoras Mariana Cardoso e Sté Frateschi para falarem sobre a jornada do Elétrica Brechó. Confira os conselhos preciosos de quem já passou muito perrengue e inspire-se para abrir o seu negócio! 

 

Brechó é um termo que anda em alta nos últimos tempos e, provavelmente, você já se deparou com vários na sua cidade. Sim, o apelo ao consumo consciente está funcionando e negócios ligados à economia circular crescem a cada ano. Os brechós estão aí para provar que sim, adquirir roupas de segunda mão faz uma baita diferença para quem compra, quem vende e para a sustentabilidade na moda.  

Para entendermos melhor como funciona este universo dos negócios “second hand”, conversamos com duas empreendedoras que investiram em um brechó e hoje utilizam o negócio para falar de empoderamento e, claro, moda consciente.  

 O nascimento do Elétrica Brechó 

No finalzinho de 2016, as amigas Mariana Cardoso, publicitária, e Sté Frateschi, fotógrafa, ambas de Ribeirão Preto, decidiram oficializar um negócio que já estava sendo colocado em prática há tempos, de modo informal. Foi neste momento que o gosto por garimpar peças usadas se tornou uma empresa. Nascia o Elétrica Brechó. 

Trata-se de um brechó online e itinerante que compra e vende roupas e acessórios em todo o Brasil. Com a pandemia, a ação ficou somente na internet, mas as meninas afirmam que, assim que possível, voltarão a estar em feiras e bazares por aí.  

O claro posicionamento do Elétrica em sua comunicação já diz a que veio. “Aqui a moda é com propósito, responsabilidade e representatividade!”, diz Mariana, que trabalha com marketing de moda desde 2013  

Sté (à esquerda) e Mari (à direita), apaixonadas por moda. As amigas começaram o negócio em 2016, participando de feiras e bazares | Foto: arquivo pessoal

O desafio da pandemia de Covid-19 

Segundo Mariana, o período de quarentena representou um grande desafio para o brechó. E, parte da solução, foi pensar em alternativas para continuar se comunicando com os clientes de forma criativa, segura e eficiente.  

“A parte mais desafiadora está em pensar alternativas para fotos com modelos, que eram a base do nosso material. Fizemos um ensaio à distância no qual deixamos as peças com cada modelo e eles mesmos se fotografaram em suas casas, respeitando o isolamento social”, explica, afirmando que a estratégia deu super certo, mas que a logística foi bem complicada 

Para a empreendedora, se reinventar é necessário em um momento como esse. “Estamos aprendendo demais tendo que pensar fora da caixinha. 

QUER COMEÇAR UM BRECHÓ? SE LIGA NESTES 10 CONSELHOS DAS EMPREENDEDORAS DO ELÉTRICA  

1) Aceite e aprenda com os erros 

Não tem como fugir da dinâmica de erro e acerto, empreender é isso. Já erramos muito, mas o importante foi sempre aprender com isso, dessa forma a gente não repete mais. E também como construir uma relação entre sócias de uma forma saudável, habilidades que não tínhamos, como administração, entre muitas outras.  

2) Peça ajuda e seja apaixonado pelo que faz 

Aprendemos a pedir ajuda, muita ajuda. Se você não tem um super capital financeiro para investir no seu negócio, não tem outro caminho: vai ser necessário paciência e muito trabalho. É também indispensável dedicação e amor pelo projeto que se sonha, pois muitas vezes precisamos nos desdobrar pra fazer acontecer e tirar planos do papel. Uma de nossas maiores motivações é termos valores sólidos, que fazem a gente acreditar que nosso negócio faz parte da mudança que queremos ver no mundo. Isso sempre nos dá energia para seguir e avançar. 

3) Entenda o perfil dos seus produtos 

Saiba exatamente o que você está vendendo. Perguntas simples ajudam você a entender seu produto e o público que ele atrai: é de marca? É simples ou sofisticado? É seminovo? Dessa forma, você vai descobrir quem é o seu cliente e precificar as peças de forma justa pra todos.  

Entender seu produto é o primeiro passo para definir o público do seu brechó | Foto: arquivo pessoal

4) Invista na imagem e em redes sociais 

No período de pandemia, é muito importante que seu negócio tenha uma presença maciça online. Fotos de qualidade fazem toda a diferença e vão agregar muito valor ao seu trabalho. Descreva o produto nos mínimos detalhes, as medidas, o tecido, a textura e a estampa. Tem muito conteúdo legal na internet ensinando a tirar e editar suas fotos pelo celular mesmo. E importante: não adianta postar uma vez nas redes sociais e depois sumir. É necessário criar uma constância, estar lá com frequência, fazer stories, falar sobre seu produto, sobre sua história, o porquê de você estar vendendo seus desapegos ou começando seu brechó. Pessoas se conectam com pessoas e não com marcas ou produtos.   

5) Entenda que tipo de brechó é o seu

Há inúmeros tipos de brechó. Tem os de igreja, o “bagunça”, o bazar de marcas, os onlines, os modernos, os gourmets, os de luxo e por aí vai. Então em cada tipo de brechó, as peças mais populares vão ser diferentes. Aqui na Elétrica, as peças mais procuradas são os jeans vintages (como calça mom e jaqueta bomber) e camisas vintage/retrôs diferentonas, coloridas e estampadas.  

6) Saiba quem é seu público 

Assim como as peças mais procuradas, o perfil dos clientes também vai ser diferente em cada categoria de brechó. No Elétrica, por exemplo, os clientes são em geral jovens (18 a 35 anos), principalmente mulheres em busca de alternativas de consumo. Querem novos lugares para fazer compras fora do mainstream de shopping e grandes marcas ou fast fashion, procurando também por opções de produtos mais sustentáveis, como as peças de brechó. Isso tudo sem deixar de lado o estilo. Nossos clientes não abrem mão de ter peças com personalidade e encontram aqui na Elétrica uma curadoria super cuidadosa e com muita leitura de moda. 

7) Valorize a parte “subjetiva” do seu trabalho 

Empreender em qualquer segmento não é fácil. Mas, pra gente aqui no Elétrica foi bem difícil conseguir chegar numa precificação justa de nossos produtos. Um dos motivos é que o custo de se ter um brechó (as partes práticas, como compra de roupa e embalagens) não é tão alto. O que deixa mais “caro” é a sua mão de obra, suas qualificações (as partes mais “abstratas” do trabalho) e os detalhes que você adiciona no seu negócio. É o seu conhecimento sobre moda, brechós, curadoria, redes sociais, fotografia entre tantos outros. É necessário dar valor ao seu próprio trabalho e isso pode ser bem desafiador, ainda mais quando tentamos ter sempre preços acessíveis.

Na hora de precificar o produto, não deixe de lado o trabalho intelectual, experiência e qualidade da sua curadoria | Foto: arquivo pessoal

8) Trabalhe para derrubar preconceitos 

O maior desafio ainda é a desvalorização dos brechós e de peças usadas. Muitas pessoas ainda acham que itens de segunda mão são velhos, feios e de má qualidade. Que não dá para achar coisas legais ou ainda que as peças devem ser extremamente baratas só porque não são novas. Lutar para mudar essa mentalidade é um trabalho muito difícil, mas é uma de nossas missões. Por isso, no Elétrica nós higienizamos muito bem cada peça, fazemos reparos, adicionamos nosso perfume nas roupas, colocamos tag e tudo mais o que tiver direito para mostrar que a experiência de compra em um brechó pode ser idêntica à de uma peça nova.

9) Comece pequeno 

Quer abrir um brechó? Comece pequeno! O investimento inicial não precisa ser alto. Com um acervo modesto e um Instagram, você vai conseguir começar a entender como funciona esse universo. Definir qual categoria de brechó você pretende ser é essencial e o primeiro passo a ser dado, principalmente para você escolher quais peças comprar pra vender no seu negócio.

10) Atenção à curadoria e à precificação 

Sobre os erros mais comuns, talvez seja curadoria e precificação. Não escolher bem os produtos que você vai vender ou precificar muito abaixo suas peças, pode fazer o seu negócio fechar. Atenção dobrada nesses dois tópicos. E para evitar esses erros, a solução é estudar bastante e pesquisar outros brechós.    

Editorial do Elétrica Brechó: investir na qualidade das fotos é fundamental | Foto: arquivo pessoal

BRECHÓ É SINÔNIMO DE SUSTENTABILIDADE

Para Mari, os brechós são muito importantes para uma economia mais positiva e humanizada, possibilitando diversas formas de compartilhar. Só de ser pautado no reúso, ele já está em total sintonia com a ideia de ‘reduza, reúse, recicle, repare e redistribua 

Brechós também são bem interligados com a cultura de feiras independentes, sendo comuns as exclusivamente de brechós, o que traz pro segmento esse “estilo de vida colaborativo” 

Em paralelo à sua importância na temática econômica, brechós são também de extrema relevância na questão ambiental. Não existe roupa mais sustentável do que aquela que já existe! Essa frase é muito potente e explica de forma simples que nada é mais sustentável, nada vai fazer mais bem pro meio ambiente/sociedade, do que o reúso do que já existe”, afirma a empreendedora.  


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