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Ellias Kalleb é um dos nomes que vem sacudindo a moda autoral brasileira. Suas criações misturam o feito à mão com formas ousadas, texturas diferentes e muita personalidade. São roupas que vestem o corpo e contam histórias.

Nesta entrevista, ele fala sobre como usa a moda como forma de expressão, especialmente quando entra em cena com música, performance e liberdade de gênero. Pra Ellias, a moda é esse espaço aberto pra criar com verdade e representar o que se é.

Ele também conta como se surpreendeu com a versatilidade do algodão e fala da inspiração em artistas, como Frida Kahlo. No fim das contas, sua marca é isso: identidade, arte e discurso em forma de roupa — e tem a cara do Brasil

1. Suas criações são conhecidas por mesclar trabalhos manuais com texturas e formas inovadoras. Como você equilibra tradição e inovação no desenvolvimento das suas peças?

EK: O meu processo criativo começa com o respeito profundo pelo trabalho manual. As técnicas artesanais são minha base, mas é o olhar contemporâneo sobre formas, texturas e materiais que transforma tudo. Gosto de pensar que traduzo o artesanal para o agora, sem perder a essência. Busco sempre criar peças que carregam histórias e, ao mesmo tempo, se conectam com quem valoriza originalidade e autenticidade. Acho que isso é o que fortalece a moda autoral brasileira: a coragem de inovar sem abandonar as raízes.

Você tem vestido grandes nomes da música brasileira. Como é manter essa conexão entre moda e música? O que muda no seu processo criativo quando a roupa vai vestir uma performance?

EK: Quando crio para um artista, o design vira narrativa. A peça precisa se mover, emocionar, ampliar o que está sendo dito no palco. É uma troca intensa — meu trabalho não veste só o corpo, ele ajuda a construir uma identidade visual. A moda vira parte da performance, reforça a imagem do artista e cria impacto tanto no ao vivo quanto nas redes. É moda que canta junto! 

Ellias Kalleb veste Sérgio Malheiros, Gkay e Giovana Cordeiro

Se você pudesse escolher um personagem histórico para vestir, quem seria e por quê?

EK: Frida Kahlo, sem dúvida. Ela representa autenticidade, força e liberdade criativa, valores que têm tudo a ver com o DNA da minha marca. Vestir Frida seria um desafio simbólico e artístico. Ela usava a moda como extensão da própria narrativa e isso é algo que também busco nas minhas criações: transformar roupa em discurso visual. E acho que Frida se encaixaria perfeitamente nesse universo da moda autoral brasileira, onde vestir é também reivindicar e afirmar.

Qual foi a descoberta mais inesperada ao trabalhar com o algodão em suas criações?

EK: O que mais me surpreendeu foi a versatilidade do algodão. Com o tratamento certo, ele pode ser estruturado ou superfluido e isso é mágico para o design. Abre caminho para criar peças que transitam entre conforto e elegância, mantendo o mesmo conceito. É uma matéria-prima que entrega muito mais do que imaginamos à primeira vista. 

Sua marca é reconhecida na moda autoral brasileira por promover uma moda agênero e experimental. Como você enxerga a evolução da moda sem gênero no Brasil e quais desafios ainda precisam ser superados?

EK: Acredito que essa evolução é natural, mas ainda enfrenta muitas barreiras culturais e comerciais. O corpo e as expressões são plurais, e a moda precisa acompanhar isso. No Brasil, ainda existe uma necessidade de rotular tudo, de encaixar as roupas em prateleiras fixas. O maior desafio é mudar essa mentalidade, entender que roupa é linguagem. E linguagem não tem gênero, tem intenção e expressão. A moda autoral brasileira tem sido fundamental nesse movimento, justamente por não ter medo de quebrar essas regras.

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Conheça mais sobre o trabalho do estilista parceiro Ellias Kalleb nos seus canais oficiais: @studioelliaskaleb. Na nossa vitrine de marcas parceiras você encontra mais empresas que constroem uma moda mais responsável ao nosso lado.