
Como a cultura popular vem transformando a moda brasileira?
A moda brasileira vai muito além das passarelas, carregando histórias, sons, cores e texturas que nascem da nossa cultura. Desde as festas populares às expressões artísticas, passando pelas tradições orais, músicas e referências religiosas, tudo isso se reflete no jeito de vestir de um país tão diverso quanto o nosso.
E é nesse caldeirão criativo que o Brasil encontra sua identidade. Quando uma peça de roupa traz o Brasil bordado, estampado ou trançado em sua essência, ela faz mais do que vestir: ela representa.
Neste artigo, reunimos 5 exemplos marcantes de marcas que transformaram brasilidades em roupa. São parcerias, coleções e criações autorais que mostram como o nosso país pulsa dentro da moda brasileira — com orgulho e memória.
FARM e o Brasil que floresce em estampa
A FARM é, por si só, um manifesto visual da cultura brasileira. Desde as primeiras coleções, a marca carioca aposta em estampas que celebram o Brasil em suas múltiplas formas — das araras aos cajus, das frases brasileirissimas aos florais tropicais que lembram nossas paisagens.
Mais do que tendência, as peças da FARM carregam uma estética afetiva que conecta quem veste com as raízes do país. É a roupa que conta histórias — e a brasilidade, nesse caso, é o enredo principal.
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Renner + Gilberto Gil: moda com som de Bahia
Em 2024, a Renner decidiu homenagear um dos maiores nomes da música nacional: Gilberto Gil. Para celebrar os 60 anos de carreira do artista, a marca lançou uma coleção colaborativa que mistura moda brasileira e memória afetiva.
As peças traduzem o estilo leve e solar de Gil, com estampas inspiradas em suas músicas, frases marcantes e cores que lembram o tropicalismo e a Bahia. O resultado? Uma coleção que é puro gingado e reverência à nossa cultura.
Peças da coleção em homenagem ao Gilberto Gil.
Santa Resistência – “Do Rio ao Rio”
A Santa Resistência, marca da estilista Mônica Sampaio, levou à passarela do SPFW N54 a coleção “Do Rio ao Rio”, inspirada na trajetória de sua família — que migrou do Rio Paraguaçu, na Bahia, para o Rio de Janeiro nos anos 1950. A coleção também presta homenagem ao sambista Cartola, símbolo da cultura carioca e da resistência negra.
Na passarela, o samba, os tecidos fluidos, os bordados delicados e a malandragem do subúrbio ganham forma. Cada look é uma memória costurada com afeto e, claro, com muito estilo e ancestralidade.
Coleção “Do Rio ao Rio”
Az Marias e o legado de Lélia Gonzalez
Celebrando uma das maiores intelectuais negras do Brasil, a Az Marias, marca da estilista Cíntia Maria Felix, apresentou no SPFW N52 uma coleção em homenagem a Lélia Gonzalez. Inspirada nos anos 1970, nas “joias de crioula” e na força da mulher preta, a coleção resgata a ancestralidade afro-brasileira com beleza, política e identidade.
As peças têm volume, curvas e potência. Exaltam os corpos reais e fazem da moda brasileira uma ferramenta de afirmação. São as peças que honram o passado e constroem um futuro com mais representatividade.
Coleção em homenagem a Lélia Gonzalez
Dendezeiro: do sertão à floresta, a brasilidade em dois atos
No SPFW N58, a marca apresentou a coleção “Brasiliano: Filhos do Sol”, um mergulho no sertão nordestino a partir de referências que vão de Vidas Secas à música de Elomar Figueira. As peças, com alfaiataria desconstruída, trançados de palha e uma paleta terrosa, celebram a resistência, a vida e os afetos construídos no semiárido — mostrando o sertão como potência, não carência.
Na edição seguinte, SPFW N59, a Dendezeiro deu continuidade à narrativa com “Brasiliano II: Puxado pro Norte”, voltando seu olhar para a região amazônica. A coleção traz estampas que evocam a fauna e flora da floresta, como peixes e folhas, além de bolsas em formato de animais típicos, como botos e capivaras. A trilha sonora do desfile embalada por carimbó reforçou essa imersão estética e cultural.
Peças da coleção Brasiliano: Filhos do Sol e Brasiliano II: Puxado pro Norte
Lela Brandão + Tarsila do Amaral: quando a arte vira roupa
Mesmo não sendo parceira do movimento (ainda!), a Lela Brandão Co. merece destaque por seu olhar artístico sobre o Brasil. A coleção inspirada em Tarsila do Amaral é uma carta de amor ao modernismo brasileiro, trazendo referências diretas à paleta e aos traços da artista.
Com uma pegada confortável e contemporânea, as peças trazem a obra de Tarsila para o dia a dia, provando que arte e moda brasileira caminham juntas — principalmente quando o tema é brasilidade.
Peças da T-shit Tarsila do Amaral.
Essas marcas mostram que a moda brasileira não se limita à estética. Quando ela se inspira na cultura popular, ganha camadas de significado e se transforma em um reflexo de quem somos. E mais: mostra que vestir moda nacional é também vestir memória, música, arte e resistência.
Porque quando o Brasil veste o Brasil, ninguém passa despercebido! Confira outras marcas nacionais que trabalham com algodão brasileiro e valorizam as nossas raízes.
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