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algodão & sustentabilidade

O que o algodão brasileiro aprendeu nas últimas décadas

12 de junho de 2025 | 0

O bicudo-do-algodoeiro marcou a história do algodão brasileiro em 1983: a praga praticamente dizimou a produção e deixou muitas lições para toda a cadeia produtiva. 

De lá para cá, muita coisa mudou. O país se reinventou no campo, investiu em tecnologia, capacitação e sustentabilidade. E o resultado? Hoje, o Brasil é o maior exportador mundial de algodão e o terceiro maior produtor, com evolução contínua em qualidade e produção responsável. 

E esse protagonismo não veio à toa. Por trás destes números, existe uma série de práticas, inovações e estratégias que fizeram — e fazem — toda a diferença no campo. Quer entender como o algodão brasileiro se tornou referência mundial? A gente te explica! 

Regime de sequeiro  

Uma das principais características do cultivo de algodão no Brasil é que, em praticamente 90% da área plantada, a produção ocorre em regime de sequeiro – ou seja, a fibra é cultivada aproveitando as condições naturais de clima e solo, sem necessidade de irrigação artificial. 

Além de reduzir significativamente o consumo de água, esse modelo torna o cultivo mais eficiente e alinhado às diretrizes globais de sustentabilidade. 

Foto: Carlos Rudney / Abrapa

Programa ABR  

Idealizado em 2012 pela Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), o programa ABR — Algodão Brasileiro Responsável — marcou um novo capítulo para a cotonicultura nacional.   

Com o propósito de democratizar e fortalecer boas práticas no setor, o ABR segue critérios ambientais, sociais e econômicos, certificando na safra 2023/2024, mais de 80% de toda a produção nacional de algodão 

Além disso, essa certificação socioambiental é licenciada pela Better Cotton, garantindo reconhecimento e alinhamento com os padrões globais de sustentabilidade. 

É por meio do ABR que as fazendas comprovam seu compromisso com a sustentabilidade, atuando de forma alinhada a três pilares:  

  • Ambiental: proteção da fauna e flora nativas, preservação de nascentes e recursos hídricos, uso consciente de defensivos, adoção de energia limpa e renovável, além de práticas agrícolas responsáveis, como a rotação de culturas. 
  • Social: garantia de condições dignas de trabalho, com foco na saúde, segurança e bem-estar dos colaboradores, relações trabalhistas justas e geração de impacto positivo nas comunidades locais. 
  • Econômico: fortalecimento da saúde financeira dos negócios, promovendo crescimento sustentável para produtores, colaboradores e toda a cadeia, além de contribuir diretamente para a economia brasileira. 
Foto: Carlos Rudney / Abrapa

A importância da cadeia verticalizada 

Quando falamos em cadeia integrada, ou verticalizada, isso significa que temos autossuficiência em produção, desde a matéria-prima até o produto final.  

Segundo a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), o Brasil possui a maior cadeia têxtil verticalizada do Ocidente, reunindo empresas de todos os elos do setor. Somos um dos poucos países que ainda mantêm, em território nacional, toda essa jornada: da produção das fibras, como a plantação de algodão, passando pelas beneficiadoras, por fiações, tecelagens, confecções e chegando até os desfiles e um varejo de moda.  

Peças vêm identificadas com tag SouABR, com QR Code para rastreamento | Foto: divulgação

A inovação do SouABR 

O Brasil também foi pioneiro na criação do primeiro programa de rastreabilidade do algodão em escala. O programa SouABR garante ao consumidor a origem da matéria-prima com certificação socioambiental, trazendo mais transparência e confiança para o consumo de moda.  

Grandes varejistas já são parceiras e lançaram coleções rastreáveis através do SouABR: Renner, YouCom, C&A, Reserva e Calvin Klein são algumas delas. Conheça mais sobre o SouABR aqui: https://soudealgodao.com.br/souabr/. 

Bioinsumos  

São produtos desenvolvidos a partir de microrganismos (como fungos, bactérias e vírus), extratos vegetais ou substâncias naturais usadas na agricultura para substituir ou complementar insumos químicos. Eles atuam tanto no controle de pragas e doenças quanto na nutrição e fortalecimento das plantas. 

Reconhecendo seu papel essencial para a inovação no campo, os produtores de algodão, por meio da Abrapa, celebraram a aprovação do Projeto de Lei 658/2021, que regulamenta a produção de bioinsumos no Brasil. A lei, aprovada em novembro de 2024, permite que produtores instalem suas próprias biofábricas, garantindo mais autonomia, redução de custos e segurança jurídica para o agronegócio. 

Agricultura Regenerativa  

É um conjunto de práticas que busca recuperar e melhorar a saúde do solo, em vez de apenas evitar sua degradação.  

Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), essas práticas incluem técnicas como o plantio direto, a rotação de culturas e o controle da erosão, que ajudam a fortalecer a estrutura física, química e biológica do solo. O objetivo principal é tornar o solo mais fértil e resistente, garantindo uma produção agrícola sustentável e capaz de se manter ao longo do tempo. 

Um dos grandes exemplos desse compromisso no Brasil é o Grupo Scheffer, uma das principais empresas do agronegócio brasileiro, que se destaca pela atuação pioneira em práticas agrícolas sustentáveis, incluindo a adoção da agricultura regenerativa como parte central de sua estratégia de produção. 

 

O algodão brasileiro é resultado de aprendizado, inovação e, principalmente, de um compromisso coletivo com um futuro mais responsável. 


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