releases / Jorge Feitosa apresenta nova coleção Curtisso
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Eu já morei em muitos lugares. Alguns eram casas, locais em construção, outros eram propriamente moradas que me serviram, mas hoje estão no passado. E poucos, muito poucos eu posso chamar de lar, locais de afeto, assim como eu denomino esse lugar.
– A Entidade da Proposição –
Resolvi chamar a partir de agora cada coleção de AJUNTAMENTO.
E esse é sobre o lugar onde se vive e sobre aquilo que o transforma,
seja o sentimento ou seja o consumo.
O pedido de FIQUE EM CASA foi o ponto de partida para esse ajuntamento pois apesar de parecer simples ele carrega várias camadas de questionamentos. Alguns deles me fiz, pensando em como minha rotina foi pouco alterada durante o confinamento justamente por ter meu ateliê próximo. Mas apesar da aparente comodidade e privilégio de hoje, nem sempre foi assim.
Habitei mais de vinte e quatro (24) lugares diferentes, passei por casa, quitinete, garagem, casa de parente. E por isso, me reconheço nas histórias de quem tem dificuldades em se manter protegido tendo uma rotina que não permite o isolamento social.
Morei num cortiço
quando tinha quatro (04) anos de idade.
Lembro que naquele local e época, era comum ver as fachadas coloridas
em tons clarinhos de rosa, azul, amarelo e verde.
Os tons clarinhos das moradas de minha infância não existiam por capricho, mas por serem os únicos tons da mistura de corantes baratos com o cal. Quase sempre essas fachadas eram emolduradas por bordas brancas formando retângulos, quadrados e triângulos, nas platibandas. Tudo isso de alguma maneira aparece nesse ajuntamento.
Fui elaborando pensamentos sobre
O LAR, A MORADA e A CASA,
e passei a caminhar por essa tríade.
No senso comum é onde o afeto reside, onde “somos”. É o espaço da querência, onde nos sentimos bem e encontramos aconchego. Por isso escolhi o meu ateliê como representação dessa ideia, onde estou passando grande parte da pandemia e onde desenvolvo o que me deixa contente, meu ofício.
Aparece como o local da impermanência, onde “estamos”, mesmo que momentaneamente serve de pouso, repouso e representa os sítios por onde passamos e que depois de um tempo permanecem apenas nas lembranças. Assim como o cortiço e a casa de minha avó (materna) Constantina, onde aprendi a costurar.
Existe como um lugar em construção, onde “seremos”. Aparentemente vazio, frio, mas na verdade habitado pela entidade da proposição, da sugestão. E que se cultivado pode se tornar uma morada e quem sabe até um lar.
Essa tríade O LAR, A MORADA e a CASA,
são sentimentos que podem ser vividos individualmente ou juntos,
mas sempre de forma particular.
Já que um mesmo lugar afetará de forma distinta cada um que por ele passar.
O filme CURTISSO surge de questões maximizadas pela atual pandemia. Principalmente àquelas que estão conectadas com o habitar. Vivemos em bolhas, cápsulas, muito diferentes. Ficamos ou não confinados em diferentes espaços, inventados por uma indústria do consumo e não apenas surgidos da necessidade de se ter um lugar, a especulação imobiliária é um exemplo disso. De modo mais íntimo, o que colocamos dentro dos nossos espaços físicos também passou a ter relevância nesse momento do ponto de vista também do consumo, revelando o que é necessário e o que é excesso.
Tecnicamente esse projeto foi guiado pela quarentena. A abordagem do vídeo tem foco na própria feitura do processo, pressupondo que a sua produção fosse totalmente realizada no meu ateliê.
Esse ajuntamento foi feito por amigos/profissionais e parceiros incríveis! O @renan_cavichioli fez a arte criativa, edição e finalização, a direção de fotografia ficou por conta da @ludlower, a trilha (fantástica) original é do @maxblum, os queridos @carloscruzmodel e @devlinarten atuaram no vídeo e o @jonhson_cavalcante participou como assistente!
Imaginando como materializaria a ideia, parti para minhas habilidades como vitrinista e passei a desenvolver parte do projeto em miniaturas, cenários e pop ups em papel com o apoio da @mixpapelnews.
As Peças que aparecem no vídeo com caimento leve e de formas simples foram feitas com tecidos meia malha, crepe chiffon e crepe de viscose siena da parceira @lunellitextil. Todas essas bases com a estampa exclusiva desenvolvida especialmente para esse ajuntamento.
Já os looks em sarja foram feitos com a linha Flat da patrocinadora @santistajeanswear que apresenta bases em algodão com o BIO PROTECT by SANTISTA, exclusivo acabamento antiviral que contém nano-moléculas especiais que inativam vírus, fungos e bactérias.
Filme CURTISSO
O filme CURTISSO foi inteiramente realizado no meu ateliê. O isolamento pela pandemia foi um fator determinante desde a concepção à sua produção. Ele foi pensado a partir de maio e teve sua produção realizada entre julho e outubro de 2020.
A roupa realmente não era o foco dentro desse contexto, tanto que no início eu não cogitava a participação de modelos. Ao ver a oportunidade de poder realizar algo diferente de um desfile, e tendo apenas o ateliê como local de execução, decidi por brincar com o formato e dinâmica do que seria apresentado. Por isso segui o conceito da tríade – O LAR / A MORADA / A CASA – sobre a qual desenvolvi a ideia do ajuntamento para guiar também a questão visual do filme. Desde os cenários até o formato da tela:
O LAR – O meu próprio ateliê foi usado como cenário dessa ideia. Onde o processo acontece, onde se vive. As imagens desse momento são no formato vertical (9:16). A ideia é falar do agora, do presente, e nada mais atual que o formato da tela do celular.
A MORADA – Foram usados cenários em miniatura, tudo executado numa caixa de madeira com 90cm³. Em parte são compostos por uma cenografia de elementos feitos com papel, assim como o livro pop up. Além das cenas feitas em stop motion. Com o intuito de mostrar lugares que estão na minha lembrança e situações em torno do habitar e do consumo de forma lúdica. As imagens desse momento são no formato quadrado (1:1). Justamente por falar de lembranças, do passado, como se tudo aquilo tivesse guardado numa caixinha.
A CASA – Construímos um cenário em tamanho natural, onde dois modelos atuaram. Mas apesar de ser real, a ideia era que remetesse a um lugar em construção/transformação. Por isso ele aparece seco, depois surge a água como fonte de vida e posteriormente as plantas brotam nesse espaço. As imagens desse momento são no formato widscreen (16:9), para falar de abertura, para o novo, para o pós presente.
Trabalhei sozinho em meu ateliê durante a fase mais crítica da quarentena, desenvolvendo a pesquisa, modelagens, costura dos looks e construção dos elementos cenográficos. A equipe trabalhou na maior parte do tempo remotamente e o encontro pessoal só se deu na etapa mais branda do distanciamento social (em setembro) para a filmagem do modelos com os looks, respeitando todos os cuidados em favor da saúde pessoal e coletiva.
Ficha Técnica do filme CURTISSO
Roteiro
Direção
Arte
Story Board
Produção – Jorge Feitosa / @jorgefeitosa.jf
Arte Criativa
Edição
Finalização – Renan Cavichioli / @renan_cavichioli
Direção de Fotografia
Câmera – Lud Lower / @ludlower
Trilha Original – Max Blum / @maxblum
Modelos – Carlos Cruz / @carloscruzmodel
Devlin Arten / @devlinarten
Assistente – Jonhson Cavalcante / @jonhson_cavalcante
Patrocínio – SANTISTAjeanswear / @santistajeanswear
Apoio – Casa de Criadores / @casadecriadores
LUNELLI / @lunellitextil
Mixpapel / @mixpapelnews